Este artigo analisa a situação dos índios Terena no Mato Grosso do Sul, localizados em aldeias de uma região de fronteira internacional. A situação dos Terena e da fronteira difere de outras situações, especialmente da amazônica, ou mesmo da dos Guarani no próprio Mato Grosso do Sul. Os Terena não circulam entre fronteiras nacionais, não mantêm relações de trocas matrimoniais com grupos locais indígenas em outros países, não são portadores de identidades binacionais. Entretanto, a região que hoje ocupam foi o palco de uma das principais disputas territoriais das Américas e é uma área estratégica para a formação do Estado nacional brasileiro. E a história da definição da fronteira no então sul de Mato Grosso, bem como a da imobilização dos grupos étnicos e sociais nos séculos XIX e XX é fundamental para o entendimento da situação interétnica no Mato Grosso do Sul hoje.Tal afirmação se confirma quando consideramos os conflitos decorrentes da judicialização de processos de identificação e demarcação de terras indígenas no estado do Mato Grosso do Sul. Nos processos judiciais movidos contra a identificação e a demarcação de terras indígenas terena são construídos discursos políticos que reativam formas de exclusão e rebaixamento simbólico-discursivo, nos quais a situação de fronteira aparece como operador central. Dos processos jurídicos emergem duas táticas discursivas que visam deslegitimar a reivindicação de terras ao anularem a tese da tradicionalidade da ocupação: a do questionamento da origem nacional dos índios Terena; o questionamento da sua autenticidade cultural e, consequentemente, da sua própria condição indígena.Este artigo pretende então apresentar algumas reflexões teóricas sobre essas lutas simbólicas e também o processo de desenvolvimento da fronteira e seus efeitos sobre as sociedades indígenas. Pretendemos realizar dois movimentos analíticos: 1. a análise da luta simbólica que perpassa os processos
The purpose of this article is to conduct an exercise in historic anthropology and an anthropology of territory, based on an ethnography of the experiences of domination and resistance experienced by the indigenous peoples of Pantanal, in particular the Terena, within the processes of colonization, formation of nation states and capitalist development in South America. We will analyze experiences of indigenous autonomy against and in the state, and their dialectical territorial expression in the colonial world and in the contemporary dynamics of territorial and interethnic conflict in twenty-first century Brazil.
Resumo: O objetivo deste texto é apresentar algumas reflexões teóricas e epistemológicas sobre o colonialismo, a colonialidade e a teoria da revolução. Para isso, dialogaremos criticamente com algumas teses dos estudos descoloniais/pós-coloniais. Entendemos que é necessário não somente aprofundar a crítica epistemológica, mas desenvolver instrumentos para análise sociológica do colonialismo e da situação pós-colonial. O texto mostra ainda como o internacionalismo, a teoria do imperialismo e da segmentaridade podem ajudar nessas tarefas. Palavras-Chave: colonialismo; teoria descolonial; anarquismo; imperialismo; segmentaridade. IntroduçãoO colonialismo como fenômeno antecede o capitalismo enquanto sistema mundial e o acompanha como "política" em suas diferentes fases de desenvolvimento. A expansão europeia do século XVI tem o colonialismo como seu componente central e são as relações de produção e acumulação primitiva e demais processos históricos engendrados nesse contexto que tornaram o capitalismo possível como "modo de produção". Por outro lado, o capitalismo estendeu as relações coloniais sobre o espaço e as formas sociais, atualizando-o como componente estrutural de seu próprio sistema e amplificando de forma nunca antes vista sua dimensão e significado, tornando-o onipresente na história das diferentes sociedades.Entretanto, a onipresença do colonialismo na história moderna e contemporânea não implicou necessariamente sua problematização. Ao contrário, em diversos momentos e em diversas concepções, ele foi naturalizado no campo literário, ideológico e científico. 1 A reflexão crítica sobre o colonialismo tem início de forma sistemática nas ciências sociais contemporâneas com as lutas revolucionárias e anticoloniais 2 e o processo de descolonização. Depois, o colonialismo tornar-se-ia um operador estratégico de uma fração da produção das ciências sociais (como ocorreu na antropologia) e, nos últimos anos, especialmente entre aquela denominada "estudos pós-coloniais". Entretanto, a abordagem dos estudos pós-coloniais e suas flexões críticas (como os da colonialidade dos saberes) encontram determinados impasses
ResumoO presente artigo desenvolve uma reflexão sobre a confrontação política e teórica entre Bakunin e Marx, focando suas diferentes concepções de trabalho e revolução. Considera que os estudos de sociologia do trabalho partem de um universo de problemas econômico-filosóficos que tem claros e importantes efeitos políticos, e que as diferenças na interpretação da natureza (econômica, ideológica) do proletariado e do papel a ser desempenhado pelo campesinato derivavam de diferentes conceptualizações de trabalho. Ao retomar o debate clássico entre Karl Marx, que colocava a centralidade no desenvolvimento econômico que geraria a classe revolucionária (o proletariado industrial) e Mikhail Bakunin, que enfatizava a vontade (liberdade) e ação como fatores determinantes do processo revolucionário e entendia que a somente a aliança operário-camponesa poderia levar à liquidação do capitalismo, dentro da Associação Internacional dos Trabalhadores no século XIX, o artigo procura demonstrar que tais diferenças influenciaram no curso da história e nos debates do movimento operário e socialista internacional, além de terem sido fundamentais para a história das teorias sociais e para a formação da classe trabalhadora em todo o mundo. Ao final discute como certos pressupostos fundamentais (definição de trabalho, definição de classes sociais e concepção de história) podem ser determinantes para uma sociologia crítica do trabalho nos dias de hoje. Palavras-chave:Anarquismo. Bakuninismo e marxismo. Associação Internacional dos Trabalhadores. AbstractThe present article thinks about Bakunin-Marx political and theoretical confrontation, focusing theirs different conceptions of the revolution and labor. We understand that the sociology of the labor studies starting from economical-philosophical questions that has significant political effects and that the interpretation of class condition and action (economic, ideological) of the proletariat and peasant derived of different concepts of "labor". In addition, this confrontation have been fundamental for the history of the social theories and for the working class development around the world. The article seeks to demonstrate how these differences (between Marx and Bakunin) influenced the history of the international working class and socialist movement, and to determine the contributions of theirs confrontation to contemporary sociology of labor and working class organization. Key-Words:Anarchism. Bakuninism and Marxism. International Workers Association. IntroduçãoOs estudos de sociologia do trabalho partem de um universo de problemas econômico-filosóficos que tem claros e importantes efeitos políticos. As diferenças na interpretação da natureza (econômica, ideológica) do proletariado e do papel a ser
Resumo: O objetivo do presente artigo é apresentar uma reflexão sobre a importância de Proudhon e do proudhonismo para a formação histórica do anarquismo e do sindicalismo. Iremos mostrar que essa contribuição se deu especialmente pela formação de uma teoria da libertação da classe por si, que compreende o associacionismo, o federalismo e o socialismo como mutualismo. Palavras-chave:Anarquismo; Sindicalismo; Proudhonismo; Movimento Operário; Ação Direta Abstract: The purpose of this paper is to reflect on the importance of Proudhon and proudhonism for the building of anarchism and syndicalism great tradition. We will show that this contribution was given especially by the constitution of a theory of liberation of working classes by themselves, comprising syndicalism, federalism and socialism as mutualism.
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