RESUMOAs disputas sociais acerca da educação vêm ocorrendo intensamente na contemporaneidade e colocam no centro da discussão a instituição escolar. A Medida Provisória (MP) do Ensino Médio, a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) dos gastos públicos, as proposições do movimento Escola Sem Partido e as diversas ocupações estudantis nas escolas são manifestações muito claras da importância que nossa sociedade dá à educação. Nesse contexto, o presente artigo debate o papel da educação básica no Brasil, tendo em vista o seguinte paradoxo: como é possível que, em um cenário de tamanho descrédito para com o ensino público -no qual proliferam enunciações que apontam para uma suposta "crise" da educação -existam tantas articulações e confrontos que objetivem o controle dessa instituição? Ou seja, como pode a escola pública brasileira ser, ao mesmo tempo, apresentada como culpada por inúmeros problemas e, estranhamente, aparecer como espaço em potencial onde todos os males da sociedade serão sanados? Assim, detemos nossa análise nas falas proferidas pelo Escola Sem Partido por meio de seu website oficial e em alguns artefatos da nossa cultura, com ajuda das contribuições do campo dos Estudos Culturais e do pensamento de Michel Foucault. Nossa hipótese é a de que esse movimento transite entre a crítica radical da escola e, ao disputar um espaço de exercício de poder, reafirme a potência da instituição nos dias de hoje. PALAVRAS-CHAVE:Escola Sem Partido. Escola pública. Crise na educação. Discurso. Papel da escola. ABSTRACTThe social disputes about education have been happening frequently in contemporaneity and they are putting academic institutions in the central point of discussions. The Medida Provisória (MP) of Ensino Médio, the Proposta de Emenda Constitucional (PEC) of public outgoings, the proposals of the Escola Sem Partido, and the many movements of occupations by students in schools are evident manifestations of the importance that our
RESUMO: Discute-se, neste artigo, a constituição dos consumidores conscientes a partir do exame de enunciados que põem em circulação verdades relativas a um modo supostamente mais adequado de ser sujeito consumidor. Foram selecionadas as edições de um "Manual de Etiqueta" da revista Planeta sustentável, publicado entre 2007 e 2012, pela Editora Abril e distribuído na forma de encarte promocional. Realizou-se uma análise inspirada na teorização foucaultiana, com base na noção de discurso articulada aos conceitos de governo e poder. Os resultados indicaram que o discurso do consumo consciente se ocupa apenas com o controle de atos de compra segundo padrões desejáveis de consumo por indivíduo. O que faz dele muito mais um recurso de controle das condutas dos sujeitos de modo a manter em funcionamento o sistema econômico em vigor do que uma tomada de posição crítica ao modelo de consumo que tem causado prejuízos ao meio ambiente e à sociedade em geral. Palavras-chave: Educação e Consumo; Consumo Consciente; Sujeito do Consumo.
Este artigo caracteriza o fenômeno que denomino aqui por erosão da memória decorrente da exposição contínua a relatos – por meio da mídia impressa em especial, de tragédias ambientais que ocorrem no Brasil. Decorre de uma análise discursiva de inspiração foucaultiana sobre um jornal diário de ampla circulação no Rio Grande do Sul (Zero Hora/Grupo RBS). A pesquisa mapeou as enunciações relativas às tragédias envolvendo o meio ambiente ocorridas entre os meses de janeiro à dezembro de 2019. Como resultado, foram identificadas 132 ocorrências em 314 edições publicadas ao longo do período em análise. Destas, 56 diziam respeito às queimadas na Amazônia. O fenômeno foi enunciado em 194 excertos dentre editorial, matéria de capa, charge, artigo de opinião, entre outros. Em 2019 o caso das queimadas ganhou visibilidade nacional e internacional, mas mesmo assim, volta a se repetir a cada ano, entrando para o conjunto de sucessivas notícias trágicas com as quais temos nos acostumados. O que me levou a refletir sobre a necessidade de potencializarmos a ação política por meio da educação, em especial, da educação ambiental, tomando-a como ato de resistência à naturalização de eventos como este que têm marcado nossa história recente.
O Escola Sem Partido vem se notabilizando, nos últimos anos, pelo ataque sistemático aos profissionais da educação. O presente texto tem por objetivo apresentar, a partir das teorizações do pensamento de Michel Foucault e das contribuições dos Estudos Culturais, que as enunciações proferidas pelo movimento em seus mais diversos materiais constituem-se numa vontade de governo sobre as identidades docentes. Assim, procura-se delinear, apresentar e fiscalizar os docentes tidos como desejáveis, bem como a forma como essa rede discursiva busca erigir fronteiras bem demarcadas para diferenciar e condenar os chamados professores “doutrinadores”.
É impossível ignorar a influência do pensamento de Paulo Freire na educação brasileira. Um dos maiores expoentes da crítica ao modelo educacional praticado ainda hoje, Freire tornou-se “leitura obrigatória” nos cursos de licenciatura, em especial a partir de fins dos anos de 1990 e início dos anos 2000, e inspirou muitos professores em suas práticas junto aos alunos da educação básica e ensino superior.Nos últimos anos, no entanto, parece estar se firmando no Brasil uma resistência bastante forte às proposições freireanas, fenômeno acompanhado por um ressurgimento e fortalecimento do pensamento conservador de modo mais amplo. No presente artigo, objetivamos descrever os embates entre esses dois discursos, nos perguntando acerca de seus efeitos sobre as identidades docentes, que cada vez mais são alvo de intensas investidas de poder. Lançamos mão de ferramentas teórico-metodológicas de inspiração foucaultiana para execução da análise. O material empírico selecionado está composto pelas obras Pedagogia do Oprimido, de Paulo Freire (1987) e Professor não é educador, de Armindo Moreira (2012). Os resultados evidenciaram que persiste e se intensifica, na atualidade, uma divergência significativa na concepção de educação e do papel do professor entre o ideário liberal/ neoliberal e a teorização crítica. Nesse sentido, nos colocamos a refletir acerca da função política da educação a fim de problematizarmos a neutralidade, nomeada como uma indispensável característica do professor por movimentos como o Escola Sem Partido. Por mais estranho que isso nos pareça, aprendemos com essa pesquisa, que aos que combatem Freire, parece possível ser professor sem educar.
scite is a Brooklyn-based organization that helps researchers better discover and understand research articles through Smart Citations–citations that display the context of the citation and describe whether the article provides supporting or contrasting evidence. scite is used by students and researchers from around the world and is funded in part by the National Science Foundation and the National Institute on Drug Abuse of the National Institutes of Health.
hi@scite.ai
10624 S. Eastern Ave., Ste. A-614
Henderson, NV 89052, USA
Copyright © 2024 scite LLC. All rights reserved.
Made with 💙 for researchers
Part of the Research Solutions Family.