A realização deste trabalho só foi possível graças à colaboração direta ou indireta de muitas pessoas. Manifesto minha gratidão a todas elas e de forma particular aos professores
Resumo. As crônicas são fontes históricas de difícil manejo, visto serem uma mescla de mitos e fatos vivenciados por seus autores. Partindo dessa premissa, neste trabalho analisamos algumas dessas fontes espanholas e indígenas sobre a conquista do povo inca e a descrição desse mundo e gente tão distinta. Entre os cronistas escolhidos, destacamos os relatos de José de Acosta sobre o Mundus Novus; os de Cieza de León e Garcilaso de la Vega sobre os mitos dos primeiros chefes incas; por fi m, Francisco de Xerez, Juan de Betanzos, entre outros, sobre o evento do aprisionamento e assassinato de Atahualpa, que resultou na conquista do "Tahuantinsuyu" pelos espanhóis.Palavras-chave: mitos, fatos, crônicas.Abstract. Th e chronicles of historical sources are diffi cult because they are a mix of myths and facts experienced by their authors. Starting from this premise, this study analyzes some of the Spanish and indigenous sources on the conquest of the Inca people and the description of this world and people who were so diff erent. Among the chroniclers chosen, the article highlights the reports by José de Acosta on the Mundus Novus and by Cieza de León and Garcilaso de la Vega on the myths of the fi rst Inca chief; fi nally, Francisco de Xerez, Juan de Betanzos, among others, on the event of the imprisonment and murder of Atahualpa, which resulted in the conquest of the "Tahuantinsuyu" by the Spanish.Key words: myths, facts, chronicles. (Valcárcel Martínez, 1997, p. 22).As crônicas são uma mescla de história e literatura, de verdade e mentira, de realidade e fi cção, e, por isso, sabemos que é um material de difícil manejo, devido a essa fi na linha que separa o mundo real do imaginário.Quando tratamos de rever a história da conquista do Peru à luz de crônicas escritas nos séculos XVI e XVII, não temos a pretensão de utilizá-las
Quando barcos espanhóis singraram as águas do Atlântico, trouxeram em seus porões o demônio, bruxas e os medos peculiares aos homens do medievo europeu. Não havia como ser diferente, suas mentes serviam de depósito a idéias há muito propagadas e oficializadas. Escritores europeus, como os dominicanos Heinrich Kramer e Jakob Sprenger, detiveram-se no meticuloso e moroso trabalho de elaborar teses, que não deixassem margem a quaisquer dúvidas sobre a existência do mal encarnado na figura do demônio e de suas fiéis seguidoras, as bruxas.
Os espanhóis que cruzaram o Atlântico trouxeram em seu imaginário medos, crenças, bruxos e demônios com os quais povoaram o Novo Mundo. Essas manifestações faziam parte de um aparato cognitivo simbólico há muito difundido 1 . Vários escritores se dedicaram a elaborar obras que explicassem a presença do mal personifi cado em fi guras demoníacas, necessariamente acompanhadas de bruxos e bruxas, fi éis seguidores das artes maléfi cas. Entre eles, podemos destacar os dominicanos Heinrich Kramer e Jakob Sprenger, que escreveram um manual para identifi car e castigar bruxas, que contavam com o auxílio do Demônio e a permissão divina para realizar seus malefícios 2 . Assim, o medo das forças diabólicas foi transposto para a América pelos espanhóis quinhentistas, que tinham familiaridade com o sobrenatural, o desconhecido e temido mundo das trevas e seus personagens fantásticos. Nesse contexto cristalizou-se a idéia de bruxaria, que tinha a participação de magos, feiticeiros e bruxos conspirando contra os cristãos e, por isso, a prática de magia, adivinhação e curandeirismo foi sendo associada a heresia pelos religiosos e isso se consolidou no imaginário europeu.O medo do desconhecido, do mar e dos monstros marinhos acompanhou esses homens que cruzaram o oceano 3 , que traziam também a obrigação de propagar a fé católica e conseqüentemente a persecução àqueles que conspirassem contra a cristandade. Chegando à América, não hesitaram em matar, saquear e conquistar, material e espiritualmente, os povos aqui encontrados, pois como afi rmou Sepúlveda era o correto a se fazer em relação a esses bár-baros, que de homens ímpios e servos do demônio, passariam a ser civilizados, cristãos e cultores da verdadeira fé 4 . Para que o domínio fosse completo, esses homens preocuparam-se em compreender os signos do 'outro', a linguagem, costumes e tudo mais que Miolo_Marcanan_Prova 02.indd 137 3/6/12 3:41 PM
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