Estudos têm demonstrado barreiras em diferentes âmbitos que impedem a participação de pessoas com deficiencia intelectual no mercado de trabalho. Justificativas pautadas em concepção capacitista como imprevisibilidade emocional e comportamental, incapacidade para aprender e desenvolver qualquer atividade, são atribuídas à pessoa com deficiência intelectual para que permaneça à margem do trabalho. Compreendido como atividade vital que promove o desenvolvimento humano do homem, o trabalho se constitui ainda em direito garantido por documentos e Leis que asseguram adaptações e reservas de vagas, na tentativa de superação de barreiras estruturais e atititudinais. Neste sentido, neste estudo objetivou-se identificar quais fatores contribuíram para a inserção profissional de uma pessoa com deficiência intelectual, a partir da percepção da família. Investigou-se para além das limitações, os aspectos que foram positivos, para o ingresso, permanência e progressão no mercado formal de trabalho. Nesta perspectiva, utilizamos a entrevista semiestruturada com a pessoa mais próxima de Laura para que relatasse o que em sua concepção contribuiu para a entrada no mercado de trabalho. Os dados coletados foram analisados segundo a abordagem de análise temática e os resultados revelaram que a escola não se eximiu do papel quando por meio da mediação oportunizou a apropriação dos bens culturais da humanidade e a construção de conceitos como leitura, escrita, cálculos, em constante atititude crítica, reflexiva e investigativa, habilidades imprescindíveis para a sua atual função laboral. Neste sentido, os cursos profissionalizantes realizados foram adaptados às suas necessidades, o que propiciou a construção de saberes condizentes com a realidade do mercado de trabalho e permitiu o ingresso e progressão. A família contribuiu de forma significativa para a escolarização, autonomia, indepência, empoderamento, ingresso e permanência no trabalho, demonstrando que as possibilidades são ampliadas e se tornam realidade quando contam com o apoio e participação de forma efetiva dos familiares, uma vez que acreditam e ofertam aporte ás demandas necessárias. Concluiu-se que quando diferentes instâncias como a escola, serviços de saúde, empresas, família e legislação, trabalharem em colaboração, se tornará uma realidade possível a inserção laboral da pessoa com deficiência intelectual e para além, o seu desenvolvimento humano pelo e no trabalho.