O artigo pretende problematizar como a regulamentação das cotas raciais - positiva como política pública de ação afirmativa ao reconhecer o racismo como estruturante das desigualdades no país – tem se revelado uma tecnologia social fundada na suspeição sistemática, gerando insegurança jurídica nas avaliações dos “pardos”, assim como o ressurgimento de critérios fenotípicos, procedimentos considerados legítimos para assegurar o direito a vaga na universidade pública, podendo resultar em um não-lugar para negros de pele clara. As análises baseiam-se nos procedimentos da Universidade Federal Fluminense durante a matrícula de aprovados no SISU em 2018 para cumprir a Lei nº. 12.990/2014 e Orientação Normativa nº 3, de 01/2016, do Ministério do Planejamento, Desenvolvimento e Gestão que instituíram a obrigatoriedade de comissões de aferição de candidatos autodeclarados negros e indígenas.
Este artigo parte do interesse em produzir uma base de dados comparável das regiões metropolitanas do
I. INTRODUÇÃOO que cifram as cifras? Sobre que acontecimentos, quais processos, enfim, sobre quais dados nos falam os números? Quais rotinas burocráticas cristalizadas possibilitam que certos fatos sejam convertidos em registros, o que, por sua vez, representam uma medida, um indicador, uma forma de retratar a "realidade" de forma pretensamente objetiva e padronizada, mas que conforme lido e interpretado pode-se revelar um número valioso de disputas políticas corporativas (policial e judicial) e midiáticas no processo de formulação de políticas públicas? Essa abordagem é sobre os dados quantitativos referentes à criminalidade 1 , qua constructo, isto é, pensados como resultado de uma série de processos e rotinas específicas de produção de informação. Parte de uma evidência etnográfica de que as estatísticas nem mentem, nem dizem a verdade. Tal perspectiva permite que se levante todas essas perguntas, mesmo correndo o risco de não poder respondê-las e mesmo assim continuar mantendo-as como guias orientadoras, como parte de nossa caixa de ferramentas para pensar as cifras oficiais referidas aos delitos registrados. Isso significa afirmar que não estamos tratando de "estatísticas", mas sim de processos de construção de registros de informações que, ao serem quantificadas, passam a representar oficialmente diferentes tipos de fenômenos e consolidam-se como argumentos políticos na esfera pública.Este artigo possui vários objetivos que resumem os primeiros resultados da pesquisa "Análisis comparado de políticas de producción de registros estadísticos criminales en Río de Janeiro y 1 Julga-se que o uso da categoria "criminalidade" é mais adequado do que a de "crime", pois a primeira enfatiza tanto os vínculos societários entre os indivíduos quanto as práti-cas institucionais, enquanto o "crime" restringe-se à dimensão legal (KANT DE LIMA, MISSE & MIRANDA, 2000).
The present article discusses the processes of political and social mobilization of the Afro-religious in the face of the religious racism and “christofascist” politics deployed by groups with an Evangelical-Pentecostal profile. Based on ethnographic research conducted since 2008 in Rio de Janeiro, Brasília, Aracaju and Maceió, the article analyzes how these mobilization strategies are constituted in a modality of “terreiro politics” as a means of “doing politics”, delimiting public identities, and debating accusations of increased and growing symbolic and concrete violations of Afro-based religions. The article also discusses how the categories intolerance, racism and genocide are part of a civic grammar that seeks to charge the State - most particularly the police and the judiciary - and push it to guarantee of rights in face the face of growing religious extremism characterized by narratives and actions aimed at building political agendas fueled by religious dogmas (“christofascism”), which result in violent acts against afroreligious terreiros.
Resenha da obra PITA, MARÍA VICTORIA; PACECCA, MARÍA INÉS (ED.). Territorios de control policial: Gestión de ilegalismos en la Ciudad de Buenos Aires. Buenos Aires: Editorial de la Facultad de Filosofía y Letras Universidad de Buenos Aires, 2017. 300 p.; Colección Saberes.
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