Neste texto, focalizamos nosso processo de elaboração da prática de ensino a partir do lugar em que atuamos: na condição de formadoras de professores das séries iniciais do ensino fundamental. Explicitamos o modo pelo qual temos exercitado a prática de ensino no cotidiano da docência como um projeto pedagógico de formação e seu processo de construção como objeto de investigação. Assumindo a perspectiva de compreensão das práticas culturais cotidianas e a perspectiva da corrente sócio-histórica, problematizamos as opções que temos feito, junto aos nossos alunos - professores em formação, no encaminhamento do trabalho de inserção no cotidiano da escola básica. Tendo como referência a assunção de que cada escola está em um permanente movimento social de construção, temos atuado levando em conta alguns princípios que têm norteado as várias maneiras de nossos alunos inserirem-se nas dinâmicas escolares.
14 O trabalho de pesquisa de Heath (1982) será retomado com mais detalhes no capítulo quatro. 15 A autora utiliza-se do termo "alfabetismo" ao invés de "letramento".
Tomando como base a geração de dados proporcionada pela pesquisa "Formação do professor: processos de retextualização e práticas de letramento", focalizo o processo de apropriação da prática de leitura vivenciado pelos professores em formação inicial. Nas narrativas de memórias sobre suas experiências pessoais da infância, da juventude e da contemporaneidade do curso de Pedagogia, identificamos indícios de como esses sujeitos se inseriram nas práticas de letramento das quais se apropriaram ao longo de seus percursos. Nesse processo de inserção no mundo da escrita, conforme narrado pelos professores, emergem diversos mediadores de suas práticas leitoras. Tendo como referência teórico-metodológica do trabalho de campo a História Oral, os princípios da etnografia e assumindo a abordagem dos Estudos do Letramento e da História Cultural, procuro identificar esses diferentes mediadores e discutir seu papel no percurso de formação do profissional do ensino. Considerando, portanto, a memória de leituras narradas e o que elas nos trazem de conhecimento acerca dos variados personagens que co-protagonizaram suas histórias, busco apontar possibilidades de trabalho com relação à formação de professores.
Resumo Baseadas nas ciências da linguagem e da educação, objetivamos analisar elementos discursivos que indiciam a construção das identidades docentes emergentes na produção escrita no contexto do curso de graduação, em que são requeridas idas à escola como atividade do componente curricular. Nos ancoramos nos estudos do letramento e na abordagem bakhtiniana do discurso. Quanto à formação de professores no ensino superior, optamos por trabalhos com narrativas de trajetórias sobre a docência. Trata-se de uma pesquisa participante, qualitativo-interpretativista. Como um dos resultados, reiteramos a potência da produção escrita dos estagiários para mobilizar questões sobre a formação profissional docente. As réplicas em seus enunciados tornam visíveis como o dizer do outro afeta os sujeitos em situações da sala de aula. Procuramos acrescentar pistas e indícios sobre processos de formação de professores no âmbito universitário.
Este artigo apresenta um recorte do projeto A Formação do Professor em Contextos de Hibridização Cultural: Propostas Interventivas de Letramentos na Amazônia Paraense (2015-2016) sobre as práticas de trabalho colaborativas na escola, com o objetivo de contribuir com as reflexões sobre o letramento como uma prática social situada. Para tanto, centra-se em eventos de letramentos na Escola de Ensino Fundamental de Aicaraú –Barcarena, Pará, com o objetivo de focalizar que é possível ensinar e aprender nesse espaço. A metodologia de pesquisa empregada é a etnografia aliada à elaboração de projetos de letramento, ou seja, tomando-se as práticas de escrita voltadas para a as necessidades da cultura local. O arcabouço teórico se fundamenta nas contribuições das áreas de Educação, Linguística Aplicada e dos Estudos de Letramentos na formação do professor, assumindo a palavra como um signo social ideológico. Ao focalizar a compreensão da cultura ribeirinha local mostramos os encaminhamentos instanciados numa escola multisseriada do campo no espaço amazônico, evidenciando a necessidade de atendimento de objetivos imediatos das escolas inseridas nas áreas de impacto dos grandes projetos governamentais providos da década de 1970 no Brasil.
RESUMO: Propomo-nos, neste trabalho, a realizar, com base na obra Infância de Graciliano Ramos, uma análise da participação da mulher no processo de iniciação escritural das crianças, nas primeiras dé-cadas do século XX, no nordeste brasileiro. A despeito do lugar ocupado pela mulher no patriarcalismo rural, sua presença mostra-se expressiva na multiplicidade de modelos de escolarização, seja na esfera pública ou na esfera doméstica, herdados do século XIX. Trabalhando nas interfaces entre a história cultural, a antropologia, a sociologia e os estudos da linguagem, pretendemos focalizar tanto os espaços e as práticas em que as crianças eram iniciadas na aprendizagem da leitura e da escrita por suas professoras, familiares e amigas quanto os significados de que se revestiam, para essas mulheres e crianças, as tarefas relativas ao ensino.Palavras-chave: Leitura. Escrita. Letramento. Práticas escolares e não-escolares.
Inseridas na formação inicial de professores temos como objetivo problematizar algumas experiências vividas nas disciplinas do eixo teórico-prático do currículo, com vistas a fornecer subsídios para o adensamento teórico sobre as relações possíveis entre leitura de literatura e formação profissional docente. Amparadas nos aspectos trans/inter/multi, da Linguística Aplicada, retomamos produções acadêmicas das/dos estudantes no cotidiano universitário de formação. Entendemos que o processo de formação se constitui na intersubjetividade, mediado pela linguagem. Apoiadas na perspectiva do Círculo de Bakhtin, que destaca a centralidade da linguagem e do outro na constituição de nossa subjetividade, buscamos angariar pistas, indícios, tal como guia o paradigma indiciário, nos enunciados produzidos no contexto do processo de reflexão das/dos discentes que envolve a experiência inicial da docência. Nossas práticas pedagógicas se orientam pelos sentidos ético e estético da formação, uma vez que ambos se constituem na dimensão de compreensão pela vivência, mais do que pela explicação, produzindo saberes em si e no outro; e em nós, professoras e pesquisadoras, a indagação sobre o que podemos aprender, como formadoras de professores, com as produções das/dos estudantes em formação. As abordagens assumidas durante o processo de ensino mediado pela prática da leitura de literatura e com as artes em geral, alimentam o olhar estético, ético e polêmico, o que tem nos mostrado caminhos na construção de autorias no dizer-se/narrar-se professora/professor.
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