Introdução: As intoxicações na infância são causa habitual e evitável de morbimortalidade em diversos países. O aumento expressivo da incidência de casos associado aos riscos torna esse agravo bastante relevante nesse grupo etário. Objetivo: Descrever o perfil clínico-epidemiológico dos casos notificados de intoxicações medicamentosas em crianças. Métodos: Trata-se de um estudo observacional e descritivo com dados secundários, obtidos de registros de intoxicações medicamentosas em 680 crianças de zero a 12 anos incompletos, no Sistema Nacional de Vigilância Sanitária/Sinavisa, entre 2012 e 2016. A análise dos dados foi realizada no programa IBM® SPSS Statistics®. Resultados: As crianças tinham em média 2,9 anos (desvio-padrão ±2,3 anos), e 50,1% eram do sexo feminino. Os eventos ocorreram principalmente no domicílio (95,4%), em zona urbana (99,5%), pela via digestiva (96,1%), de forma acidental (77,2%) e com exposição aguda única (99,6%). O tempo entre a exposição e o atendimento ocorreu em média de 8,1 horas. O atendimento foi predominantemente hospitalar (53,8%), em serviço público (80,4%) e sem hospitalização (71,9%). Todas as intoxicações foram confirmadas pelo critério clínico, sendo a maioria de intensidade leve (60,9%), e 98,7% evoluíram para cura. Uma variedade de medicamentos ocasionou as intoxicações (n=193), principalmente, medicamentos que atuam no Sistema Nervoso Central. Conclusão: As intoxicações medicamentosas em crianças predominam na primeira infância, por acidentes domésticos, com drogas ingeridas por via oral, do tipo aguda única e a maioria dos casos evolui para cura. O atendimento foi predominantemente hospitalar e em unidades públicas, não sendo necessária a hospitalização em grande parte dos casos.