Este artigo coloca em diálogo duas experiências de formação docente que tiveram as narrativas digitais como elementos estruturantes em dois contextos distintos: uma disciplina de um Programa de Mestrado em Ensino de Ciências de uma universidade federal brasileira e um conjunto de encontros de formação em serviço realizados em uma escola particular em Minas Gerais. Os dados foram coletados das narrativas digitais dos sujeitos, de notas de campo feitas pela pesquisadora e de um grupo focal realizado em um dos contextos. Os resultados indicam: a) movimentos autônomos de aproximação/apropriação tecnológica pelos sujeitos; b) reflexão sobre o uso pedagógico das tecnologias digitais de informação e comunicação (TDIC); c) movimentos de uso pedagógico das TDIC buscando a integração curricular. A autoconfiança gerada pelo/no trabalho formativo com as narrativas digitais indica, ainda, o início de um processo de empoderamento dos sujeitos enquanto usuários críticos e criativos das TDIC.
Este estudo apresenta e analisa quatro encontros que constituíram uma experiência de formação cujo foco foi o desenvolvimento de narrativas digitais por professores de ciências de uma escola da rede particular do sul do estado de Minas Gerais, Brasil. Essa experiência formativa de produção de narrativas digitais foi organizada com o propósito de promover a reflexão dos docentes sobre o uso pedagógico das tecnologias digitais de informação e comunicação (TDICs), tendo como ponto de partida a pergunta: “Tenho um tablet. E agora?”. A análise dos encontros desse processo formativo permitiu identificar a narrativa digital como um elementomotivador e promotor de reflexão na formação de professores, pois os docentes tiveram a oportunidadede compartilhar suas práticas com tecnologias, refletir sobre elas e, por vezes, alterá-las. Também, nas narrativas digitais resultantes dessa experiência, identificou-se a potencialidade de um recurso cognitivo a ser utilizado na formação continuada, mas também na inicial, de professores, apresentando-se viável e acessível para as diferentes realidades e contextos das escolas brasileiras.
As discussões sobre a temática das narrativas digitais têm se expandido, nos últimos anos, em diferentes áreas do conhecimento – desde o Design e a Comunicação até a Educação e a Linguagem. Ainda assim, escassos são os estudos dedicados a uma abordagem conceitual do tema. Nesse contexto, este artigo resulta de uma revisão narrativa de literatura e apresenta um estudo teórico-conceitual acerca das narrativas digitais em diálogo com o conceito de experiência em Heidegger (2003) e Larrosa (2002; 2004; 2011a; 2011b). Desde essas perspectivas, em interlocução com a área da Educação e com autores que defendem que ela seja humanista e emancipatória, o texto explora os dois conceitos (narrativas digitais e experiência). A partir daí, o estudo busca indicar caminhos possíveis para integração dessas narrativas à prática docente e aos currículos em diferentes contextos formativos para uma educação mediada pelas tecnologias que contribua para que o humanismo se mantenha como o fundamento de nossas relações também no contexto da cultura digital.
ResumoA formação de educadores para a integração das tecnologias ao currículo em diferentes contextos educacionais foi o foco deste estudo, que teve como objetivo entender como o desenvolvimento de narrativas digitais contribuiu para essa formação. Os educadores investigados eram mestrandos de um Programa de Pós-Graduação em Ensino de Ciências de uma universidade pública brasileira que atuavam também como professores em diversos níveis de ensino. A estratégia de aprendizagem foi baseada no desenvolvimento de narrativas digitais. Os dados desta investigação foram coletados por meio de questionário eletrônico aplicado aos sujeitos. Os resultados da pesquisa indicam: a) mudanças na maneira como os mestrandos passaram a entender a prática pedagógica que desenvolvem; b) aprendizagens relacionadas com a produção de narrativas digitais e com sua aplicação recontextualizada em diferentes disciplinas ministradas pelos mestrandos; c) percepção, pelos sujeitos, do potencial educacional das narrativas digitais.Palavras-chave Tecnologias educacionais; Aprendizagem; Prática pedagógica; Ensino de Ciências
Este ensayo teórico tiene como objetivo desarrollar una reflexión basada en una discusión teórica, acerca del concepto de currículo narrativo, acuñado por Ivor Goodson, pero aún poco explorado en profundidad, en lo concerniente a sus posibilidades de implementación y materialización en contextos educativos. El documento resulta de la profundización teórica realizada, a partir de la lectura crítico-reflexiva de las obras de Goodson dedicadas al concepto. El estudio reflexiona sobre el currículo narrativo y lo pone, conceptualmente, como un entre-lugar de producción de subjetividades y de conocimientos que forman los entremedios de la construcción curricular, pero que promueve la autoría y la emancipación de los sujetos por medio de una experiencia formadora, dialógica y dialéctica, de hacer-revelar narrativamente al mundo y al sujeto, a sí mismo y a los demás. También, se guía por preguntas orientadoras de reflexiones más profundas destinadas a reconocer y organizar las características de dos elementos esenciales a la integración, entre el currículo narrativo y las Tecnologías Digitales de Información y Comunicación [TDIC]: el aprendizaje narrativo y el capital narrativo, que son influenciados por el uso de las TDIC, como instrumentos de mediación del proceso constructivo de narrativas curriculares y de aprendizaje.
As histórias digitais, ou narrativas digitais, são aquelas construídas com e veiculadas por meio de recursos multi e hipermidiáticos. Por sua natureza multimodal e multissemiótica, essas narrativas unem a tradição humana de contar e ler histórias à contemporaneidade das tecnologias digitais; entrelaçam o antigo e o novo, o vivido e o devir num presente que desdobra o (im)possível preenchendo-o de significações. Assim, as novas mídias vêm alterando e, muitas vezes, ampliando as possibilidades discursivas das narrativas clássicas. Os efeitos de sentido possíveis advêm, nas narrativas digitais, de múltiplas semioses e a própria função-autor passa a existir em outro contexto discursivo (mais fluido e permeável à coautoria). Nesse cenário, este artigo volta-se à exploração das múltiplas possibilidades de leitura e escritura oferecidas pelas narrativas digitais, buscando apresentar os desdobramentos que essa nova forma de narrar pode trazer ao processo de criação de sentidos e construção de multiletramentos, tanto pelo autor quanto pelo leitor.
Esta pesquisa, inserida no campo do currículo estuda o processo de municipalização do Ensino Fundamental, situando as decisões curriculares do primeiro segmento deste nível de ensino em municípios que fazem parte da jurisdição da Diretoria de Ribeirão Preto, interior do estado de São Paulo. Apoiando-se em teóricos críticos, buscou-se compreender como foi construída a política curricular voltada para o primeiro segmento do Ensino Fundamental a partir da municipalização do referido nível de ensino; mais especificamente, visa analisar a implantação do currículo. A pesquisa foi qualitativa. Procedeu-se à análise documental de documentos oficiais e escolares e foram realizadas entrevistas e aplicados questionários aos dirigentes de educação da rede municipal de ensino de 10 municípios que fazem parte da jurisdição da Diretoria de Ensino de Ribeirão Preto. Os resultados da pesquisa demonstraram que nem todos os municípios elaboraram uma política voltada para a implementação do currículo com a participação dos professores, legando ao setor privado a gestão do currículo, de natureza indireta, por meio de aquisição de “sistemas de ensino”. Em 2007, dois municípios aderiram a sistemas de ensino, o que corresponde a 20% da amostra analisada; porém, em 2010, 80% dos municípios da região de Ribeirão Preto que municipalizaram o primeiro segmento do Ensino Fundamental outorgaram a gestão do currículo ao setor privado, por meio da aquisição de sistemas de ensino. O período analisado apresenta uma tendência crescente de outorgar a gestão do currículo ao setor privado.http://dx.doi.org/10.14572/nuances.v24i2.2478
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