Esta dissertação analisa o conflito socioambiental relacionado à exploração da água mineral da estância hidromineral de São Lourenço (Minas Gerais), pela empresa Nestlé. O estudo adota a abordagem da ecologia política, que ressalta as dinâmicas socioeconômicas e ambientais que envolvem os problemas derivados das relações humanas com a natureza. O objetivo é fazer um exame interdisciplinar que gere um conhecimento mais integral das relações complexas inerentes aos conflitos socioambientais, ligadas às dinâmicas ambientais, à economia, à política e à cultura. O estudo conclui que a continuidade da economia relativamente estável e próspera da cidade depende da exploração turística das águas minerais. Essa continuidade só ocorrerá se a reação da sociedade local for capaz de provocar mudanças significativas no atual modelo de gestão das suas aparentemente ameaçadas águas minerais, tanto por parte da empresa, quanto do município e dos órgãos gestores estaduais e federais. Este trabalho poderá servir como instrumento político para os cidadãos de São Lourenço na luta pelo seu direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado e pela preservação de sua riqueza natural para as gerações futuras. Poderá servir ainda como referência para outros estudos em que se aplica a análise interdisciplinar para a compreensão dos problemas complexos derivados da relação entre a exploração de recursos naturais e sociedade.
RESUMO Este artigo discute a crise ambiental por meio de um diálogo entre a psicanálise, filosofia e ciências sociais. Busca-se introduzir um eixo comum de compreensão das relações entre a psiquê e a natureza, a partir de um texto reflexivo sobre a natureza humana, sua complexidade e suas sociopatias. A crise socioambiental em que vivemos é tratada a partir das seguintes proposições: (i) a humanidade se distanciou da sua condição natural; (ii) a humanidade pode estar psicologicamente doente; (iii) a humanidade não está moralmente apta para delegar a superação da crise às futuras gerações, pois vivemos num simulacro que envolve consumismo e alienação. Conclui-se que há uma dimensão subjetiva na raiz da crise ambiental, de cuja análise depende a solução real do impasse civilizacional com o qual nos defrontamos. ABSTRACT This article discusses the environmental crisis through a dialogue between psychoanalysis, philosophy and the social sciences. It intends to introduce a common axis to the understanding of the relations between psyche and nature in a reflective text about human nature, its complexities and sociopathologies. The environmental crisis in which we are imbedded is approached through the followed propositions: (i) humanity has broken its links with its natural condition; (ii) humanity may be psychologically ill; (iii) humanity is not morally able to delegate the overcoming of the environmental crisis to the new generations because we live in a simulacrum associated with consumerism and alienation. We conclude that there is a subjective root in the environmental crisis, the analysis of which depends on finding the adequate answers to the civilization impasse that we currently face. Introdução Este artigo tem por finalidade discutir a crise ambiental por meio de um diálogo entre a psicanálise, a filosofia e ciências sociais. Partindo dessa intenção, explora um eixo comum de compreensão das relações entre a psiquê e a natureza. É também uma reflexão sobre a natureza humana num momento de múltiplas transições pelas quais, de maneira crescente, a humani-dade enfrenta sua complexidade e suas sociopatias. Por meio de uma leitura subjetiva em relação aos desequilí-brios ambientais, este texto inicia uma reflexão em vez de esgotá-la. A premência dessa linha de investigação vai se tornando evidente quanto mais tais desequilíbrios são vistos indissociados da maneira de pensar e agir daqueles que os criaram. Pretende-se refletir sobre inquietações universais, que nos remetem a várias perguntas sobre a natureza humana: há um futuro para a humanidade? Por que matamos a nós mesmos e destruímos o nosso habitat? Por que nos tornamos escravos do consumo? Por que não conseguimos reagir de forma efetiva ao risco de nossa própria morte como espécie? Não podemos dar respostas a todas essas pergun-tas, mas é imprescindível uma reflexão crítica diante da crise socioambiental em que vivemos. Assim, este artigo divide-se em três partes que visam analisar as seguintes proposições: (i) a humanidade se distanciou da sua condição nat...
Resumo: O presente texto discute a vulnerabilidade das estâncias hidrominerais brasileiras frente à expansão do mercado de águas minerais engarrafadas. Mostra como o isolamento entre as estâncias e as suas águas minerais, de um lado, e as políticas brasileiras de preservação ambiental, como a Política Nacional de Recursos Hídricos e a política de unidades de conservação, coloca em risco a sustentabilidade da produção hídrica, o turismo e os padrões de vida das comunidades residentes nestas estâncias.
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