A análise do discurso fundamentada nos desenvolvimentos teórico-metodológicos do Círculo de Bakhtin vem sendo praticada no Brasil desde a difusão da tradução de suas obras. O termo análise dialógica do discurso (ADD), no entanto, só foi popularizado após a publicação de “Análise e teoria do discurso” de Brait em 2006 e, como tal, solidificou-se o domínio de importante e distinta área de análise do discurso. Desde então, muito se dissertou sobre sua metodologia e, com a franca expansão da área, torna-se importante constituir uma revisão sistemática integrativa que investigue de forma rigorosa os conhecimentos já construídos no campo. Em vista disso, o objetivo desta pesquisa é, por meio do método de revisão citado, identificar, reunir, apreciar e sintetizar as principais contribuições das publicações teórico-metodológicas acerca da ADD, a fim de organizar as discussões metodológicas fundamentais e contribuir para possíveis direcionamentos de análise discursiva de cunho bakhtiniano. Destacaram-se, assim, três principais focos metodológicos para a ADD: as relações dialógicas, os gêneros discursivos e as formas da língua. Para o estudo desses focos, mostraram-se recorrentes as atividades analíticas integradas nomeadas aqui como descrição, análise e interpretação. De modo único, tais atividades promovem o encontro constitutivo entre linguística e metalinguística na relação dialógica do objeto de estudo com o pesquisador e com outros discursos relacionáveis. Nesse processo, o ideário bakhtiniano é mobilizado de forma coerente a fim de compreender, profundamente, o enunciado concreto por meio da contínua atribuição de sentidos desenvolvidos na atuação conjunta de elementos de singularidade e estabilidade.
O presente artigo focou-se no estudo da manifestação da nostalgia no discurso e na delimitação de aspectos subjetivos desta enquanto fenômeno sígnico e ideológico. O estudo discursivo desse fenômeno, pelo viés teórico do Círculo de Bakhtin, firma-se no fato de que a nostalgia, universal e contundente, não pode ser compartilhada e tampouco vivida se não através de signos e, consequentemente, de enunciados. Para tanto, fez-se uso de um corpus de pesquisa notoriamente nostálgico que conta com 106 editoriais da Revista Ferrovia publicados entre 1935 e 2017. Dentre todos, três tiveram sua análise em detalhe a fim de ressaltar o vínculo do enunciado nostálgico com o tempo histórico em que se vive. A síntese disto gera um poderoso efeito catártico que se perpetua nas esferas da atividade humana como instrumento para suportar um presente de agruras.
<p>A palavra “<em>transar</em>” nem sempre teve conotação sexual. Reconstruir o caminho de mudanças semânticas não é interessante apenas em nível lexical, mas também cultural. Algo assim revela mudanças na sociedade e é de grande auxílio para a compreensão do mundo que nos cerca. Dessa forma, o objetivo desta pesquisa é analisar semântica e sócio-historicamente as mudanças no verbo “<em>transar</em>”. Tal estudo fundamenta-se nos conceitos sobre pensamento e palavra de Vygotsky (2008) e na análise cultural das formas simbólicas de Thompson (2011), aplicados a um <em>corpus </em>de dois artigos da revista <em>Capricho</em>. Em um deles, publicado em 1973, tem-se o citado verbo com o significado de “tramar”; enquanto o outro, publicado em 2012, utiliza-se da expressão com a conotação atual da palavra, ou seja, remetendo-se ao ato sexual. Compreendeu-se que a alteração se deu de forma guiada pelos usos reiterados e que a transformação de sentido se deu de forma mais radical via influência midiática.</p><p><strong>PALAVRAS-CHAVE</strong>: Transar. Significado. Sociedade.</p>
As produções cinematográficas pertencentes à franquia Toy Story, desde 1995, imaginam com sucesso uma sociedade de brinquedos em reflexo e refração à experiência existencial da sociedade contemporânea. O último filme da franquia, Toy Story 4, trouxe novos e complexos personagens ao público, brinquedos imersos em um intenso processo de ressignificação identitária a partir das relações com o outro. Em vista disso, o objetivo dessa investigação foi analisar dialogicamente os discursos, principalmente dos novos personagens, enfocando a relação de alteridade entre os sujeitos do filme e como essa relação é essencial para a construção de suas identidades. Diante disso, a pesquisa teve como base teórico-metodológica os postulados do Círculo
De acordo com a estudiosa Jeanne Marie Gagnebin (2006), Walter Benjamin e Theodor Adorno tiveram papel de destaque no avanço do estudo da memória em diversos campos do conhecimento. Dada sua importância, a memória está longe de ser apenas um objeto de estudo. Abordá-la a partir dos escritos desses pensadores, é também uma tarefa ética. Na esteira da reflexão sobre o passado a fim de resgatar o ser humano e humanizar a história, destaca-se a obra da jornalista bielorrussa Svetlana Aleksiévitch. A autora dialogou com testemunhas da derrocada da União Soviética e reuniu os relatos em sua obra O fim do homem soviético. Um dos relatos, separado dos outros, o último capítulo, intitulado "Observações de uma cidadã", mostra-se relevante para evidenciar o conteúdo histórico sedimentado em diálogo com conceitos propostos por Adorno e Benjamin. A partir do contraponto entre o capítulo e o projeto de Svetlana Aleksiévitch, buscou-se, então, ressaltar a narração como ferramenta importante no processo de elaboração do passado.
O sentimento de nostalgia é a expressão de saudade por algum aspecto prazeroso do passado ao mesmo tempo em que se deseja retornar àquele momento. Devido ao fato de a nostalgia ser algo inerente ao ser humano, ela permeia os enunciados deste. Logo, se faz relevante compreender esse sentimento do ponto de vista do discurso. Tendo isso em vista, este artigo teve como objeto de estudo o discurso nostálgico analisado a partir de um corpus que compreende 87 editoriais da Revista Ferrovia publicados entre os anos 1935 e 1982. O estudo fundamenta-se primordialmente na teoria dos gêneros discursivos de Bakhtin. Levando a citada teoria em consideração, o objetivo geral foi observar a forma relativamente estável da manifestação da nostalgia no discurso presente nos editoriais. Como resultado, certo padrão de manifestação foi identificado e descrito, ampliando, assim, a compreensão do fenômeno como algo profundamente discursivo e como traço fundamental do coletivo ferroviário.
Nostalgia é rememoração com apego emocional, um sentimento complexo e universal. Por ser algo vivido e compartilhado signicamente nas mais diversas esferas de interação humana, pode ser compreendido como algo profundamente linguístico-discursivo. Tendo isso em vista, enunciados nostálgicos foram o objeto de estudo para o aprofundamento científico sobre a dimensão discursiva do sentimento. Este artigo, em especial, visou explorar o padrão de manifestação nostálgica em relação à estrutura composicional do gênero editorial. Para tanto, fez-se uso de um corpus notoriamente nostálgico que conta com 106 editoriais da Revista Ferrovia publicados entre 1935 e 2017. A partir disso, utilizou-se de forma conectada o arcabouço teórico de gêneros do discurso de Mikhail Bakhtin e o psicossocial de Constantine Sedikides. À luz da teoria, as análises foram feitas e possibilitaram que certo padrão de manifestação fosse identificado e descrito, ampliando, assim, a compreensão do fenômeno em seu âmbito linguístico-discursivo.
Nostalgia é rememoração com apego emocional, um sentimento complexo e universal. Por ser algo vivido e compartilhado signicamente nas mais diversas esferas de interação humana, pode ser compreendido como algo profundamente linguístico-discursivo. Tendo isso em vista, enunciados nostálgicos foram o objeto de estudo para o aprofundamento científico sobre a dimensão discursiva do sentimento. Este artigo, em especial, visou explorar o padrão de manifestação nostálgica em relação à estrutura composicional do gênero editorial. Para tanto, fez-se uso de um corpus notoriamente nostálgico que conta com 106 editoriais da Revista Ferrovia publicados entre 1935 e 2017. A partir disso, utilizou-se de forma conectada o arcabouço teórico de gêneros do discurso de Mikhail Bakhtin e o psicossocial de Constantine Sedikides. À luz da teoria, as análises foram feitas e possibilitaram que certo padrão de manifestação fosse identificado e descrito, ampliando, assim, a compreensão do fenômeno em seu âmbito linguístico-discursivo.
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