Este artigo é baseado na análise discursiva de reportagens veiculadas no jornal de maior circulação do Estado do Rio Grande do Sul, Brasil. Aqui nós examinamos a ideologia subjacente a uma série especial sobre a epidemia do crack. A abordagem teórica e metodológica aplicada foi a hermenêutica de profundidade. A análise ideológica indicou como a série de reportagens serviu para estabelecer e/ou sustentar relações de dominação. Diversas estratégias ideológicas foram identificadas ao longo da série de reportagens analisada: universalização, naturalização, diferenciação, expurgo do outro, padronização e eufemização, entre outras. Essas estratégias operam em conjunto, obscurecendo significados importantes para a compreensão do fenômeno em questão.
Resumo: A psicanálise tem encarado um desafio marcante nos dias atuais: seu estabelecimento nas instituições de saúde pública no Brasil. Esse ensaio objetiva estabelecer um diálogo entre psicanálise e instituição, propondo um exame teórico sobre algumas possibilidades de trabalho em grupo apoiados nesta perspectiva teórica. Nossa intenção não é levantar questões de método da clínica psicanalítica, mas promover novas reflexões que possam contribuir para a mudança desse campo de conhecimento. Tomando os Centros Atenção Psicossocial Álcool/ Drogas (CAPSad) como ponto de partida, nós desenvolvemos nossos argumentos. Primeiro, nós apresentamos alguns dos significados/valores da palavra instituição, associando-os ao texto "Mal-estar na civilização" (Freud) e à abordagem psicanalítica à toxicomania (adicção a drogas). Após, nós introduzimos a noção de clínica ampliada com a intenção de articular a clínica psicanalítica à demanda institucional para o tratamento à toxicomania.Palavras-chave: Psicanálise. Instituições de saúde. Grupos. Álcool. Drogas.
Nesse artigo, analisamos duas formas simbólicas brasileiras (comerciais de televisão) tendo como enquadre teórico uma metodologia crítica baseada em alguns elementos teóricos dos Estudos Culturais. O ponto de partida é o conceito de minoria e maioria, e seu caráter nômico e anômico. Assumimos que as formas simbólicas podem ser entendidas como portadoras de ideologia, e para entender a ideologia subjacente a elas nós temos que desconstruir a unidade da mensagem e expor sua "naturalidade". Nesse processo, aspectos relacionados às relações de dominação de gênero e raça foram desveladas, indicando que a discriminação em direção às minorias ainda é parte da nossa realidade mediada.
ResumoNo Brasil, diversos estudos têm mostrado que, nos meios de comunicação, as drogas são vinculadas aos campos jurídico/policial e médico/psiquiátrico, e seu uso, invariavelmente, leva à criminalidade. Considerando isso, esse artigo tem como objetivo analisar as políticas direcionadas ao uso/usuário de drogas no Brasil, destacando duas ideias prevalentes: a jurídico-institucional e a referente à saúde. Tendo como apoio a Psicologia Social Crítica e a Hermenêutica de Profundidade, discutimos como essas políticas afetam seus cotidianos e como elas refl etem o fenômeno histórico da "Guerra às Drogas". Para colher informações, utilizou-se diferentes estratégias: observação participante, diário de campo e grupos focais. A mídia, principalmente a televisão, veicula formas simbólicas sobre o crack que produzem um efeito de individuação. Esse efeito acaba por estabelecer e/ou manter a ideologia do usuário de drogas como delinquente ou como um doente. Em ambos os casos, as políticas se direcionam para a punição, ora através do aprisionamento, ora através da internação hospitalar.Palavras-chave: Meios de comunicação, políticas públicas, drogas, Psicologia Social. Mediatization of Culture, Criminalization and Pathologization of Crack Cocaine Users: Discourses and Policies AbstractIn Brazil, several studies have been showing that, in the media, the drugs are linked to the legal / police and medical / psychiatric fi elds, and its use, invariably, leads to criminality. Considering that, this article aims to analyze the policies directed to the drug using/drug user in Brazil, highlighting two prevalent ideas: the legal/ institutional and the one related to health. With the support of Critical Social Psychology and Depth Hermeneutics, we discuss how these policies affect their daily lives and how they refl ect the historical phenomenon of the "War on Drugs". To gather information, we used different strategies: participant observation, fi eld diary and focus groups. The media, especially television, conveys symbolic forms on the crack cocaine that produce an effect of individuation. This effect turns out to establish and/or maintain the ideology that constructs the drug user either as a delinquent or as a sick person. In 1 Endereço para correspondência: Rua Mal.
Neste artigo propomos uma análise das experiências de usuários de crack em relação ao próprio corpo, sensações e histórias relacionadas ao uso da droga. Baseados nas pressuposições metodológicas da Hermenêutica de Profundidade, observação participante e grupos focais foram conduzidos em um Centro de Atenção Psicossocial para usuários de álcool e outras drogas. A análise foi apoiada por autores da sociologia, psicologia social e psicanálise. Nos discursos dos profissionais da saúde, usuários de crack e da mídia de massa, foi confirmada a reprodução e manutenção das relações de dominação entre homens e mulheres. O corpo do usuário é alvo de categorizações sociais e acaba sendo colado à identidade de usuário de crack. Outro aspecto relevante observado foi que os usuários de crack apresentaram um pensamento crítico contra os discursos hegemônicos sobre drogas veiculados nos meios de comunicação.
O presente estudo teve como objetivo conhecer a experiência dos profissionais da Psicologia dentro do atual modelo de atenção em saúde mental. Foi realizado um estudo qualitativo, com a utilização da técnica de entrevistas semiestruturadas, tendo como participantes sete psicólogos de três Centros de Atenção Psicossocial de uma cidade de porte médio do Rio Grande do Sul. Os resultados foram analisados através da análise de conteúdo, e revelaram o impacto inicial vivenciado pelos profissionais, manifestado através dos sentimentos de medo, frustração e impotência. Os participantes evidenciaram a importância de um constante repensar da ação profissional, destacando a realização de capacitação quando da entrada do profissional no serviço e da supervisão clínico-institucional como recurso para qualificar a prática, e ressaltaram a importância de um trabalho em equipe e do olhar multiprofissional em relação ao usuário. Pode-se concluir que os profissionais da Psicologia têm um papel preponderante nas equipes que compõem os CAPS.
ResumoA discussão engendrada neste artigo versa sobre as possíveis relações entre os discursos veiculados na mídia televisiva sobre a atenção à saúde, enfocando mulheres que fazem uso de crack e na reprodução do "novo racismo" -expressão empregada no campo dos Estudos Críticos do Discurso. Ainda, observamos as possíveis interlocuções do novo racismo com os discursos relacionados aos direitos sexuais e reprodutivos. Trata-se de um levantamento de documentos de domínio público, que tem como referencial teórico-metodológico os Estudos Críticos do Discurso, assim como os pressupostos da Psicologia Social Crítica em articulação com os Estudos de Gênero. Concluímos que quando o discurso midiático em foco, transmissor da ideologia das elites simbólicas, aborda as mulheres que usam crack na gravidez como um problema social desvinculado do contexto histórico, político e sociocultural, reproduz um novo racismo. Em virtude do caráter de legitimidade dos meios de comunicação de massa, as atitudes racistas são compartilhadas na sociedade, aprofundando-se, assim, as iniquidades sociais e as discriminações de gênero.
O objetivo deste artigo é (re)introduzir alguns elementos para construir uma concepção alternativa de adolescência/adolescente que esteja em sintonia com os pressupostos ontológicos e epistemológicos da Psicologia Social Crítica e da Teoria das Representações Sociais. Partindo de uma experiência com adolescentes que vivem com HIV/aids em um hospital público do Sul do Brasil, trazemos à luz algumas inquietações teóricas com relação à concepção da adolescência/adolescente como um período universal e natural- uma concepção amplamente difundida na Psicologia. Como alternativa, foi proposto pensar a adolescência como um processo, ou como "devir"- termo que traz a possibilidade de "vir a ser", "tornar-se", "transformar-se", "metamorfosear-se"-, sem fronteiras delimitadas que separem a infância da adolescência.
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