O objetivo deste artigo é (re)introduzir alguns elementos para construir uma concepção alternativa de adolescência/adolescente que esteja em sintonia com os pressupostos ontológicos e epistemológicos da Psicologia Social Crítica e da Teoria das Representações Sociais. Partindo de uma experiência com adolescentes que vivem com HIV/aids em um hospital público do Sul do Brasil, trazemos à luz algumas inquietações teóricas com relação à concepção da adolescência/adolescente como um período universal e natural- uma concepção amplamente difundida na Psicologia. Como alternativa, foi proposto pensar a adolescência como um processo, ou como "devir"- termo que traz a possibilidade de "vir a ser", "tornar-se", "transformar-se", "metamorfosear-se"-, sem fronteiras delimitadas que separem a infância da adolescência.
Este estudo pretende conhecer como a presença do HIV/aids interage no processo de adolescer com o vírus/doença, especialmente na construção de identidade. Estudos de caso com três adolescentes que conheciam seu diagnóstico para o HIV foram realizados usando o método de entrevistas semiestruturadas e do desenho da figura humana (DFH). Os resultados apontam para a vivência de um processo repleto de transformações físicas e psíquicas que podem ser comparadas à vivência comum da adolescência. No entanto, olhando mais cuidadosamente para a vida social desses adolescentes, percebe-se claramente que o silêncio resultante da experiência de viver com HIV/aids, desde que nasceram, produz algumas limitações e implicações no processo de construção da identidade. Como conclusão, foi assinalado que é necessário discutir com os adolescentes, suas famílias e pares, e com os cuidadores sobre as representações sociais da aids e seus impactos na construção das identidades de todos que convivem com a doença.
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