No renovado debate que desde o final do século XX se trava em torno da valorização das paisagens naturais a filosofia de Kant ocupa um lugar ambivalente. Ora o primado do belo natural sobre o belo artístico constitui motivo inspirador para reabilitar a experiência directa das paisagens, ora o carácter subjectivo do sentimento esté-tico é alvo de crítica por não oferecer suficiente força imperativa para orientar moralmente as acções. Neste estudo discutem-se alguns dos pontos mais polémicos desta revisitação da estética de Kant: o estatuto da contemplação; a exigência de desinteresse; a concepção de natureza e de paisagem; as categorias de belo e de sublime; a conexão entre estética e ética.
O presente artigo procura articular os conceitos de antropologia e de ética em Ludwig Feuerbach, inquirindo se devem ser identificados ou distinguidos, isto é, se a Antropologia enquanto filosofia do homem integral contém já implicitamente uma ética, ou se a ética, que é o seu correlato, não será também o seu efectivo aprofundamento. Duas considerações preliminares têm de ser feitas: uma diz respeito ao conceito de antropologia, que não é unívoco e sofre manifesta evolução ao longo da trajectória intelectual de Feuerbach; a outra remete para o facto de a tematização desenvolvida da ética ser tardia e ocorrer duas décadas após a fundamentação da filosofia da sensibilidade. Num primeiro momento, recuperamos alguns aspectos da ligação entre concepção do homem e concepção da moral no primeiro Feuerbach, quando ambas são perspectivadas sob a ideia de razão, gerando a circularidade entre razão humana e homem racional. Seguidamente consideramos as diversas “antropologias” trabalhadas no contexto da psicologia da religião, sobretudo em A Essência do Cristianismo, obra na qual se cruzam distintas perspectivas do humano e que terá conduzido Feuerbach a elaborar uma filosofia do homem integral. Esta só ganha fundamentação plena nos escritos de 1843, a par da ontologia da Sinnlichkeit, sendo aí a essência do homem concreto explicitada através dos princípios do sensualismo e do altruísmo. Nos escritos tardios, sobretudo em Sobre o espiritualismo e o materialismo, em particular na referência à liberdade da vontade, de 1866, identificamos um núcleo de convergência – o princípio da felicidade enquanto potenciação do ser – e outros de divergência, no quadro da distinção entre ser, agir e responsabilidade moral. Finalizaremos enunciando algumas reflexões de Feuerbach que superam a tendência para o antropocentrismo constitutiva da natureza humana, tais como os direitos políticos das mulheres e a extensão da comunidade ética aos entes não-humanos.
Oliveira Vianna foi um dos primeiros autores brasileiros que, para analisar de maneira profunda o Brasil, considerou as características estruturais inerentes à formação de seu povo, das organizações e instituições políticas (FONTANA, MAZUCATO, 2014, p. 112). Nesse aspecto, pode-se dizer que o autor trabalhou com a sociologia política para se entender e analisar a sociedade. Partindo do pressuposto da própria origem da sociedade, o autor conseguiu construir uma visão de Brasil que consolidou a ideia da incapacidade política brasileira originária. Ou seja, em outras palavras, determinava que a sociedade brasileira não era educada o suficiente para ter algum tipo de opinião pública, “organizada, arregimentada e militante” (VIANNA, 1927, p. 43), de forma que nessa “opinião” não haveria sequer força moral apta a alterar as diretrizes definidas pela classe política (SANTOS, 2012, p. 2).A sociologia política objetiva angariar condições sociais que interferem na política e formação do Estado-poder de forma que as particularidades da própria sociedade brasileira, sua relação com o Estado e com o poder, todos os seus movimentos sociais, todas as suas ideologias e como se organiza a sociedade determinam a gênese da própria política no seio daquela própria sociedade (HURTING, 1966, p. 74-107). Em Populações Meridionais do Brasil (1922) Vianna pretende demonstrar uma interpretação acerca da formação da sociedade brasileira e, consequentemente, dos caracteres que marcaram a formação da sociedade brasileira como um povo de maneira diferenciada. Passando pelos estudos do Brasil Colônia, Vianna entende que a sociedade brasileira era incapaz de atuar de maneira imparcial no domínio público, de forma que essa mistura entre o público e o privado fosse uma característica peculiar da sociedade brasileira como povo. Dito dessa forma, pode-se apreender que até o presente momento, a sociedade brasileira possui dificuldades em distinguir a noção de público com a noção de privado, de maneira que as “elites” dominantes sempre defendessem interesses mais próprios do que coletivos. Apresenta, ainda, uma noção incipiente sobre o que seria o patriarcalismo no Brasil. Um traço marcante do raciocínio de Oliveira Vianna nessa obra é a necessidade de explicar o Brasil não só por dimensões culturais, sociais e políticas (FONTANA, MAZUCATO, 2014, p. 116). Para o autor, é importante analisar o povo brasileiro considerando a terra, a natureza, a morfologia e a geografia do espaço no qual ele habitou e se constituiu.
The author seeks in this chapter to contribute to the deepening of the philosophy of landscape, an area of philosophy still in constitution, paying special attention to the ethical dimension. If the ethics of nature have deep roots in the great systems of idealism and romanticism, and if environmental ethics was most recently formed in the 1980s, offering solutions to the crisis of nature, a landscape-specific ethic did not merit still a sufficiently distinctive theoretical treatment. Some previous notes favor the need for this differentiation. Landscape, as it encompasses a wide range of intersections and interrelationships between various levels of reality—from natural to intervened or highly artificial landscapes—cannot be analytically extracted from nature. Landscape, as a differentiating concept, multiplied by unlimited world configurations, cannot be extracted from the (global) environment because, since each landscape is an individuality, its existence is always local.
scite is a Brooklyn-based organization that helps researchers better discover and understand research articles through Smart Citations–citations that display the context of the citation and describe whether the article provides supporting or contrasting evidence. scite is used by students and researchers from around the world and is funded in part by the National Science Foundation and the National Institute on Drug Abuse of the National Institutes of Health.
hi@scite.ai
10624 S. Eastern Ave., Ste. A-614
Henderson, NV 89052, USA
Copyright © 2024 scite LLC. All rights reserved.
Made with 💙 for researchers
Part of the Research Solutions Family.