Maria Martins foi uma escultora brasileira, conhecida por suas "formas estranhas" e a partir de seus relacionamentos, tanto com o marido, um Embaixador, quanto com outros artistas ilustres do início do século XX, como Marcel Duchamp. Neste artigo, proponho rever, primeiramente, a crítica de sua obra, nos anos 1950 e no início do século XXI, quando foi retomada, e, em especial, demonstrar possíveis conexões entre suas formas esculturais híbridas e as produções de artistas como a Baronesa Elsa von Freytag-Loringhoven e Sophie Calle. Para isso, analiso algumas de suas esculturas, como Iara e Impossible, mas também assemblages e ready-mades da Baronesa, assim como dois projetos de Sophie Calle apresentados em Double Game (1999), estabelecendo relações entre essas obras e alguns dos objetos construídos ou "reapropriados" por Marcel Duchamp. A partir dessas análises e dos diálogos formados, percebe-se que a dimensão do corpo feminino (mas também do corpo meio humano, meio animal e vegetal), nas esculturas e outros objetos, reposiciona a "modelo" ou objeto de uma reprodução como aquela que lança o olhar e também cria e reflete. Assim, os nomes das obras e das posições ocupadas pelas artistas – baronesa, embaixatriz, detetive, etc. – são retomados a partir de sentidos e perspectivas diversos, indicando não mais posições ou funções limitantes; e os títulos das obras desenvolvidas por elas também são reconsiderados. Através dessas ligações, e suas consequentes diferenças, formulam-se reflexões sobre a questão da reprodução, da réplica ou da cópia (e dos moldes ou modelos) e, portanto, da série, o que leva a pensar nas problemáticas acerca da modernidade, com teóricos como Walter Benjamin e Jacques Derrida.