A queda da desigualdade de renda per capita é um dos fenômenos mais estudados da última década no Brasil, com alguns consensos bem estabelecidos. Um dos mais importantes diz respeito às causas desse fenômeno: se, por um lado, a expansão das transferências públi-cas, como as do Programa Bolsa Família e do Benefício de Prestação Continuada, desempenhou um papel relevante, por outro, não há dú-vidas de que o mercado de trabalho foi o principal fator por trás da queda da desigualdade (Soares, 2006;Barros, Franco e Mendonça, 2007a; Hoffmann, 2007).Há argumentos de diversos tipos para explicar por que o mercado de trabalho tornou-se menos desigual, desde investigações sobre a relativa homogeneização da composição etária da população e, portanto, diminuição dos retornos para a experiência (Barros et al., 2007) até aná-lises de mudanças na segmentação setorial e espacial no Brasil (Ferreira et al., 2006; Barros, Franco e Mendonça, 2007b). No entanto, maior peso costuma ser dado às mudanças na composição educacional e nos retornos à educação da força de trabalho como grandes causas dessa queda recente (Menezes-Filho, Fernandes e Picchetti, 2006;Barros, Franco e Mendonça, 2007a).