Uma Análise da Emergência de Pensamento Computacional em Práticas de Desenvolvimento de Jogos Digitais na Educação do Campo

Abstract

Embora o Pensamento Computacional (PC) seja um tema cada mais vai pesquisado no contexto da educação básica, ainda são poucos os trabalhos que fazem essa investigação no contexto da Educação do Campo. Nela, há diretrizes específicas que favorecem a mediação social, mas, no geral, suas tecnologias digitais educacionais ainda são produzidas em grandes centros urbanos, descontextualizadas dos conteúdos curriculares para territórios rurais. Nesse contexto, o presente artigo analisa a emergência do PC em diferentes fases de um processo de desenvolvimento de jogos digitais em uma escola do campo no nordeste brasileiro. Este processo ancora-se em uma abordagem histórico-cultural e organiza-se como uma comunidade de prática, envolvendo pesquisadores, estudantes, professoras e técnicos agrícolas em interações horizontais e construção coletiva de saberes. O PC emerge na concepção das narrativas e implementação dos jogos, privilegiando perspectivas situada e crítica em que a computação se torna ferramenta de expressão, questionamento e desejo de transformação do contexto socioeconômico dos povos campesinos.

Pensamento Computacional Crítico como Ferramenta de Mudança Social

“…O ciclo no campo foi realizado em um município cuja principal atividade econômica é o plantio da cana-de-açúcar, e representou um contexto novo para as pessoas pesquisadoras, a comunidade de prática formada com estudantes, professoras e técnicos em agroecologia foi um momento de aprendizado para todo o grupo (FRANÇA et al, 2021). A Educação do Campo, como proposta contra-hegemônica para a educação ofertada em territórios rurais, contrapondo-se ao paradigma de supervalorização da urbanidade, de antigas escolas rurais, cujas práticas eram desvinculadas das condições de vida dos sujeitos do campo.…”

A Transversalidade do Pensamento Computacional: Algumas Justificativas

“…A atividade de programação se dá por meio do PC, com o projetar, escrever, testar, depurar e manter um conjunto de informações e instruções expressas por meio de código previamente delimitado. Este não se estabelece como pensamento linear, trazendo a construção de uma abordagem orientada para protótipos, não podendo considerar somente as técnicas para decodificar os programas, mas superiormente os diferentes componentes relativos aos conhecimentos prévios do discente e a sua capacidade de desenvolver soluções criativas para o problema proposto [França et al 2021], [Pereira et al 2019] e [Bedregal-Alpaca et al 2020].…”