"Um arranjo produtivo em xeque": campo, habitus e capital simbólico em um Arranjo Produtivo Local moveleiro em Minas Gerais

Abstract

mil empregos e abriga a sede da maior empresa de móveis de aço da América Latina, além de três outras grandes empresas. Entretanto, é marcado por relações de disputa que preocupam os próprios empresários locais. O problema investigado é até que ponto essas disputas, especialmente entre fabricantes e fornecedores, colocam em risco esse APL moveleiro. O objetivo neste artigo é apresentar um entendimento de como se dão as relações de poder entre os empreendedores locais fabricantes de móveis e os fornecedores dessas empresas, discutindo suas implicações para o APL. Os resultados apontam para a existência de problemas nas relações entre fabricantes e fornecedores decorrentes, principalmente, da acumulação desigual de capital simbólico, do predomínio de interesses diferentes em jogo (illusio), bem como dos princípios diferentes e em oposição que orientam as práticas dos agentes (habitus). Os resultados apontam os riscos que essa natureza de relações acarreta para o APL de Ubá.Palavras-chave: indústria moveleira, arranjo produtivo local, poder simbólico. INTRODUÇÃONo Arranjo Produtivo Local (APL) de Ubá são gerados, atualmente, cerca de nove mil empregos em cerca de 600 empresas, entre fabricantes de móveis e fornecedores de produtos e serviços especializados no setor moveleiro (Botelho & Bustamante, 2004). Apesar de sediar a maior empresa de móveis de aço da América Latina, além de três outros grandes fabricantes de móveis de madeira, o APL é constituído predominantemente de micro e pequenas empresas, geralmente voltadas à produção de móveis residenciais de madeira (maciça e painéis) destinados ao mercado interno. As empresas apresentam diversificação em sua linha de produtos, o que proporciona benefícios como aproveitamento "Um arranjo produtivo em xeque": campo, habitus e capital simbólico em um Arranjo Produtivo Local moveleiro em Minas Gerais

Desafiando a ordem estabelecida: a subversão da economia dos bens simbólicos em uma instituição neopentecostal no campo religioso brasileiro

“…Dito de uma outra forma, o conceito bourdiesiano de doxa está relacionado, nesse sentido, àquilo a que todos os agentes do campo estão de acordo. Em uma perspectiva complementar, Souza Filho et al (2013) afirmam que a doxa está associada à visão daqueles agentes que dominam o campo e que, por isso, representam o senso comum dos participantes daquele jogo.…”

Gestão participativa: a prática em uma grande siderúrgica

“…Os capitais possíveis são multiformes, podendo estar na forma do capital econômico, do capital cultural, do capital linguístico, do capital social e do capital político (EVERETT, 2002). Entretanto, o capital valorizado em determinado campo é chamado de capital simbólico, constituído a partir da síntese dos outros capitais na medida em que estes são conhecidos e reconhecidos devido a sua respectiva importância no campo (SOUZA FILHO et al, 2013).…”

“…Apesar de darmos ênfase aos conceitos considerados fundamentais de campo, habitus e capital (SWARTZ, 2008), é importante salientar que a proposta analítica de Bourdieu (2009a) também considera os conceitos de doxa, nomos, illusio. A doxa está ligada a um senso de consenso, que dissimula para possibilitar as relações de dominação, estimulando os agentes a concorrer ou colaborar, promovendo, a partir dos interesses específicos, uma naturalização das forças (BOURDIEU, 2009a), representando, assim, o senso comum (Souza Filho et al, 2013). O nomos, por sua vez, reúne as leis gerais, invariantes, de funcionamento do campo, pois "todo campo, como produto histórico, tem um nomos distinto" (THIRY-CHERQUES, 2006, p. 37).…”