Dentro da cultura, a marginalidade, embora permaneça periférica em relação ao mainstream, nunca foi um espaço tão produtivo quanto é agora, e isso não é simplesmente uma abertura, dentro dos espaços dominantes, à ocupação dos de fora. É também o resultado de políticas culturais da diferença, de lutas em torno da diferença, da produção de novas identidades e do aparecimento de novos sujeitos no cenário político e cultural (Hall, 2009(Hall, [2003: 320).
Introdução 2Na primeira década dos anos 2000, mediante a significativa evolução das tecnologias digitais e a consequente popularização do acesso a uma variedade de dispositivos de comunicação (smartphones, câmeras, computadores, etc.), diversas iniciativas sustentadas, principalmente por ONGs, passaram a formar, em cursos e oficinas de produção audiovisual, populações residentes de áreas periféricas dos grandes centros urbanos brasileiros 3 .A maior parte dessas experiências de formação baseou-se (e ainda se baseia) na justificativa da importância de fornecer a um público historicamente negligenciado ou sub representado pelas narrativas "oficiais" e/ou hegemônicas, condições para a elaboração de formas alternativas de representação do mundo social.