ResumoO texto apresenta os resultados parciais de uma pesquisa, de caráter exploratório, voltada a indagar as manifestações culturais que acontecem nas periferias de três regiões metropolitanas: Recife, Rio de Janeiro e São Paulo. A percepção de que há, hoje, na sociedade brasileira, um esvaziamento do agir político, no sentido de um agir que explicite uma ruptura com a ordem existente e projete alternativas de mundo possíveis, motivou a busca de outras formas de expressão do conflito. As práticas e atividades culturais periféricas são interrogadas considerando os significados políticos atribuídos pelos sujeitos envolvidos, procurando superar as visões dicotômicas para indagar as ambivalências das práticas entre o mercado da arte e os projetos sociais, a afirmação da identidade territorial e seus limites políticos, a autogestão e o empreendedorismo, a captura pelo discurso que procura sustentar a ideia de "pacificação" das periferias e a afirmação da alteridade, a projeção pessoal e as possibilidades de transformação.Palavras-chave: Periferia. Política. Movimentos Culturais. Arte Periférica. Produção Cultural.
II
ResumoO artigo apresenta as trajetórias de três jovens moradores de uma pequena cidade do interior do Nordeste, analisando seu trânsito para os projetos sociais da região, os conflitos que vivenciaram na relação com as organizações e com os gestores dos programas, bem como seu engajamento político e social. Os depoimentos dos jovens têm sido coletados por meio de entrevistas semiestruturadas, no âmbito de uma pesquisa sobre trajetórias de jovens envolvidos em programas sociais. A partir de suas trajetórias de vida, antes, durante e depois de seu ingresso nos programas, procuramos compreender os sentidos e as consequências desse envolvimento para além do que geralmente é apontado pela literatura com respeito à abertura de oportunidades de inserção social. Em particular, interrogamos sobre a natureza dos conflitos vivenciados e suas implicações políticas. A história deles é exemplar da forma como projetos sociais voltados ao público jovem atuam, tanto pela relação que se estabelece entre os jovens público-alvo e os promotores das iniciativas, quanto pela forma como os projetos se desenvolvem e seus princípios e objetivos (o protagonismo, o empoderamento, a responsabilidade social) são concretizados. Do ponto de vista da mobilidade social, as trajetórias desses jovens podem ser consideradas bem-sucedidas; no entanto, seus sonhos de autonomia e organização coletiva ficaram frustrados. O lugar social que eles ocupam é, ainda, um lugar subalterno. Suas histórias são paradigmáticas de como, no âmbito da racionalidade neoliberal, a subjetividade se torna objeto, alvo e recurso de estratégias de regulação e as condutas são geridas não contra, mas sim através da liberdade individual.
Palavras-chaveJuventude -Projetos sociais -Empreendedorismo.
RESUMO O artigo aborda a trajetória das políticas e propostas que, nos últimos trinta anos, enfrentaram a especificidade da relação dos jovens com o trabalho no Brasil, tanto no que diz respeito às principais propostas de governo (especificamente, do governo federal e do governo municipal na cidade de São Paulo) quanto aquelas das fundações empresariais. Desde a ênfase sobre a qualificação profissional no início dos anos 1990, até a difusão recente da agenda do empreendedorismo, as mudanças acompanharam as transformações ocorridas no mundo do trabalho, no contexto de afirmação do “novo espírito do capitalismo”. O enfraquecimento das garantias trabalhistas, a responsabilização do trabalhador, a ênfase sobre a assunção de riscos, a fragmentação e individualização são elementos centrais de novas formas de subjetivação que atingem, especificamente no caso brasileiro, os jovens pobres.
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