“…No Rio de Janeiro, em estudo publicado em 2016, demonstrou-se que as mulheres na faixa etária sexualmente ativa apresentavam maior probabilidade de terem sido infectadas pelo ZIKV do que os homens (mais de 90% de aumento), diferentemente do observado em outras faixas etárias, o que levou os autores a sugerirem a transmissão sexual como causa mais provável da diferença observada, além do fato de as mulheres serem mais cuidadosas com sua saúde (62). Por outro lado, apesar da investigação de infecção por ZIKV conduzida no Canadá em viajantes procedentes de áreas de transmissão dessa arbovirose entre outubro de 2015 a junho de 2017, também ter identificado predomínio de mulheres [326 (64%) versus 181 (35%) entre homens com infecção confirmada], tal resultado foi interpretado pelos autores como mais provavelmente decorrente de viés de gênero nas frequências de testagem e notificação, do que em diferenças biológicas na susceptibilidade ou exposição ao ZIKV propriamente ditas (63). Finalmente, o modelo matemático desenvolvido por Maxian e colaboradores (64) com base em estimativas brasileiras de 2015 para avaliar a dinâmica de transmissão do ZIKV, também encontrou diferença estatisticamente significativa, embora menor, no número médio de casos em homens e mulheres, com maior acometimento da população feminina, tanto no pico da epidemia quanto na fase de equilíbrio.…”