Debateremos como Adorno emprega a psicanálise freudiana para compreender os modos hegemônicos de socialização de sujeitos, formulando diferentes antropologias autoritárias sob contextos socioeconômicos. Se, de um lado, o autoritarismo permanecerá vigente enquanto o capitalismo persistir, de outro, haveria diferentes ênfases características a serem elaboradas em momentos diversos do capitalismo – segundo as fases socioeconômicas monopolistas, do welfare state e neoliberais. Para tanto, baseamo-nos na descrição das tipologias da síndrome autoritária fornecida por Adorno, destacando diversos traços conforme as determinações sociais. Se nos anos 1940, Adorno salientou os aspectos de adequação do tipo antropológico autoritário (dotado de um eu fraco, supereu externalizado e isso desenfreado), nos anos 1960 o autor passou a reforçar o desejo de destruição como característica hegemônica do autoritário. Já relativamente ao neoliberalismo, encontramos descrições de sujeitos reindividualizados, dotados de um supereu internalizado e superrígido, o que leva não só à tentação “miliciarizada” de se fazer “justiça com as próprias mãos”, como aos “efeitos colaterais” de melancolia e depressão pela excessiva agressividade contra si mesmo.