RESUMO -Este estudo objetivou conhecer a experiência de adolescentes em processo de inserção laboral. Participaram 10 adolescentes, de ambos os sexos, com idades entre 15 e 16 anos, em contrato de aprendizagem em empresa pública. Foi utilizada uma abordagem qualitativa, com aplicação de questionário biosociodemográfico e grupos focais. Criaram-se quatro categorias temáticas: ser adolescente, aprendiz versus trabalhador, significado do trabalho e futuro profissional. Constatouse indiferenciação entre os papéis de trabalhador e aprendiz. A experiência de aprendizagem foi percebida como situação privilegiada para a formação profissional. Expectativas acerca do futuro laboral revelaram insegurança e desinformação quanto ao mercado de trabalho. Evidenciou-se a importância da experiência para a construção da identidade de trabalhador e da realização de programas de acompanhamento junto a adolescentes aprendizes.Palavras-chave: adolescente aprendiz; trabalho e juventude; inserção laboral.
Apprentice versus Worker: Adolescents in Apprenticeship ProcessABSTRACT -This study aimed to know the experience of adolescents in labor insertion process. The participants were 10 adolescents of both sexes, aged 15 and 16 years old, with an apprenticeship contract at a public enterprise. It was used a qualitative approach, with the application of a biosociodemographic questionnaire and focal groups. Four thematic categories were created: being adolescent, apprentice versus worker, meaning of work and professional future. The results revealed fusion between the worker and apprentice roles. The experience of apprenticeship was perceived as a privileged practice for professional training. Expectancies about the professional future revealed insecurity and lack of information related to labor market. This study showed the importance of the experience of apprenticeship to build worker identities and of counseling programs for adolescents.Keywords: apprentice adolescent; work and youth; labor insertion. O trabalho infanto-juvenil é um tema de relevância social, que abrange aspectos econômicos, culturais e psicológicos, entre outros. Cada vez mais, o trabalho precoce de crianças tem chamado a atenção da sociedade para sua necessária erradicação, especialmente daquelas atividades insalubres e degradantes. Por outro lado, o trabalho dos adolescentestema central deste artigo -continua a ser visto, em diversas instâncias, como algo naturalizado e necessário para as famílias de nível socioeconômico baixo. Essa visão desconsidera as implicações do trabalho na saúde, na constituição da identidade e na vida acadêmica dos jovens. Diante disso, nota-se a importância de medidas legais e políticas públicas que visem a proteger o trabalhador adolescente.O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) estabelece importantes diretrizes para a proteção da atividade laboral na adolescência. Segundo o ECA (Brasil, 1990), é proibido o trabalho a menores de 14 anos, exceto na condição de aprendiz. Por sua vez, a contratação de aprendizes, regulamentada pelo Decret...