"Tô sentindo nada": percepções de pacientes idosos sobre o tratamento da hipertensão arterial sistêmica

Abstract

Este artigo objetivou identificar as percepções de pacientes idosos hipertensos em torno da terapêutica, relacionadas à adesão ou não ao tratamento medicamentoso. A amostra qualitativa foi constituída de 16 idosos, de ambos os sexos, com 60 anos ou mais, residentes em dois distritos rurais do município de Governador Valadares, que utilizavam algum medicamento para controle da pressão arterial e que tinham estado funcional independente e função cognitiva preservada. O método de coleta de dados utilizado foi a entrevista aberta em profundidade, com auxílio de um gravador de voz digital, realizada entre os meses de junho e setembro de 2010. A apuração das informações obtidas foi realizada segundo a técnica da análise de conteúdo, de Bardin. Contemplaram-se as categorias: Prática e conhecimento, Medidas Higienodietéticas (Alimentação, Exercícios físicos, Estresse e nervosismo) e Tratamento medicamentoso. Os resultados mostraram que os idosos possuem conhecimentos adequados sobre hipertensão e tratamento, mas são impulsionados, durante a terapêutica, a agirem segundo suas opiniões e experiências socialmente compartilhadas. Ademais, os idosos hipertensos não-aderentes ao tratamento tendem a considerar a hipertensão como uma doença aguda, sintomática e ligada a estados emocionais. Conclui-se que, devido a essa percepção equivocada, torna-se necessário reavaliar as orientações fornecidas aos hipertensos pela equipe de saúde, devendo-se criar alternativas viáveis de promoção da saúde, para que ocorram mudanças de atitudes e práticas quanto à doença.

Elderly Receiving Outpatient Care: Reasons for Adherence/Nonadherence to Medication

“…Some elderly, at the beginning of treatment, seek to properly follow the prescription, but, over time, and in the presence of some difficulty, decide to follow the treatment in their own manner, considering what is possible, what they can or want to do. 30 The lack of access to health services was reported by three (2,8%) elderly as a reason for nonadherence. The difficulty of access, either due to displacement problems of the elderly or due to a lack of human resources and basic infrastructure in health care services, can contribute to nonadherence to medication.…”

“…Many elderly, when they do not have symptoms of CNCDs, due to the silent character that many of these diseases have, and believing they are cured, eventually stop taking their medications. 30 The clarification concerning the chronic nature of these diseases and the importance of treatment to prevent progression can facilitate adherence to medications and other needed care. 7 Two (2.8%) elderly stated the long period of treatment as a reason for nonadherence to the prescribed medication.…”

Perception of hypertensive patients about their non-adherence to the use of medication

“…Furthermore, we must recognize the importance of the role of the hypertensive patient in the process of adhering to treatment because in reviewing the literature on adherence/non-adherence to treatment of people with chronic diseases, it was found that professionals consider the patientcompliant with the health service limiting the possibility of active participation (26) . It is worth adding to this that they often present inaccurate notions about the disease (27) .…”

Adesão de idosos aos tratamentos da hipertensão arterial e as boas práticas de cuidado na perspectiva da integralidade

“…Ainda, segundo Silva et al (2013) os idosos que não aderem ao tratamento proposto para a HAS tendem a considerá-la uma doença aguda, sintomática e ligada a estados emocionais. Essa percepção equivocada sobre a HAS impulsiona a agirem de acordo com suas opiniões e experiências socialmente compartilhadas.…”

“…Nesse sentido, são elencados cinco dimensões que interferem na adesão do paciente ao tratamento proposto, a saber: fatores relacionados ao paciente, ao tratamento, socioeconômicos e os relacionados aos sistemas de saúde e a própria doença. Silva et al (2013) consideram que o idoso está mais propenso a se tornar portador de HAS e é preciso destinar atenção especial aos fatores que interferem na adesão ao tratamento.…”