A estenose aórtica (EA) é uma valvulopatia comum na prática clínica e a substituição cirúrgica da válvula é indicada para os casos graves sintomáticos. Entretanto, para os casos assintomáticos o tratamento permanece controverso. Estudos indicam que grande parte desses pacientes apresentarão sintomas nos próximos anos, necessitando de cirurgia, e que, nesse período, o risco de danos cardíacos irreversíveis aumentam. Por outro lado, a intervenção precoce também oferece riscos. A avaliação inicial da EA grave assintomática consiste em diversas modalidades de exames e a ecocardiografia é utilizada para a avaliação da etiologia, gravidade e progressão da doença. É considerado como EA grave pacientes que apresentarem gradiente médio maior que 40 mmHg, área da válvula menor que 1 cm2 e velocidade máxima maior que 4 m/s na ecocardiografia. Entretanto, outros exames também podem ser úteis, como teste de esforço, ressonância magnética, eletrocardiograma, hemograma, eletrólitos séricos e biomarcadores cardíacos. Normalmente, a cirurgia para a EA grave assintomática é indicada quando a fração de ejeção ventricular esquerda for menor ou igual a 50%, quando houver baixo risco cirúrgico e quando o teste de esforço for anormal. Em contrapartida, a cirurgia é contraindicada quando esta é improvável de melhorar a qualidade de vida e em pacientes que possuem comorbidades graves. Quanto à técnica, há a substituição cirúrgica da válvula aórtica e a substituição transcateter da válvula aórtica, uma alternativa menos invasiva. Embora a decisão entre espera vigilante ou cirurgia precoce para os pacientes com EA assintomática grave ainda não seja bem estabelecida, a chave para o gerenciamento consiste em uma abordagem multidisciplinar e na preferência do paciente.