Sobre o uso da variável raça-cor em estudos quantitativos

Abstract

A crescente inclusão da raça no debate público brasileiro, o aumento da sua disponibilidade em pesquisas de opinião e monitoramento e a facilidade de inclusão da variável em modelos estatísticos tem provocado um paradoxo na importância da raça. Ao mesmo tempo em que a cor da pele vem ganhando relevância no debate político, ela também vem perdendo a sua importância substantiva como um construto social complexo e dinâmico por ser utilizada de modo superficial, como uma categoria permanente e imutável em estudos quantitativos. Este ensaio bibliográfico discorre sobre os fatores que contribuem para essa tendência levando em conta a literatura nacional e internacional produzida nos últimos dez anos. Questiona-se o uso da raça em políticas públicas atentando-se para a sua confiabilidade, variabilidade e validade e discutem-se as limitações e possibilidades de uso da raça como um demarcador de diferenças. O ensaio conclui-se sugerindo uma agenda de pesquisa para aprimorar o entendimento e reduzir as incertezas associadas ao uso da variável "raça" em estudos quantitativos.

The association between skin color/race and health indicators in elderly Brazilians: a study based on the Brazilian National Household Sample Survey (2008)

“…Still, for the number of chronic conditions, the direct association between "black" (black + brown) color/race was not maintained, as observed previously in blacks (not including browns). Thus, the dichotomous black/white analysis appears not to modify the analysis of differential health characteristics between white, brown, and black elderly Brazilians, but it does appear to produce an absence of clear distinctions between various racial groups of elderly Brazilians or even disguise inequalities among these groups 22,42 .…”

“…Studies have recognized that the racial categories are not homogeneous, that individuals do not always belong definitively to the same racial groups 41 , and that there are differences between the classificatory system adopted by the IBGE and that defended by the Brazilian black movement 3,22,42 . The divergence results from the IBGE's use of the "brown" (or mixed-race) category, potentially belonging to either the group of whites or that of blacks.…”

“…The divergence results from the IBGE's use of the "brown" (or mixed-race) category, potentially belonging to either the group of whites or that of blacks. This racial instability is one limitation to racial selfclassification in Brazil 3,42 . The Brazilian black movement claims the inclusion of both browns and blacks in the same category of "blacks".…”

“…The Brazilian black movement claims the inclusion of both browns and blacks in the same category of "blacks". Although the black/white binary classification has become widely accepted by the media, it is not unanimous among policymakers and researchers 3,22,42 .…”

Disparidades étnico-raciais em saúde autoavaliada: análise multinível de 2.697 indivíduos residentes em 145 municípios brasileiros

“…A definição de categorias para a identificação étnico-racial é um tema complexo, que tem sido extensivamente debatido no Brasil durante as últimas décadas 9,10,11 . Conceitualmente, raça diz respeito às características fenotípicas do indivíduo, com destaque para a cor da pele.…”