Sobre a lógica do voto evangélico no Brasil: filiação religiosa e seu impacto na política brasileira

Abstract

O presente artigo se debruça sobre o universo dos evangélicos urbanos do Distrito Federal e de São Luís, e concentra-se em dois temas importantes, a saber: o impacto das organizações religiosas sobre o voto dos éis. Discute-se os fortes laços construídos entre igrejas e éis e seu impacto na política eleitoral. Discute-se ainda o papel cada vez mais proativo das organizações religiosas (igrejas) agindo semelhantemente a partidos políticos, lançando candidatos próprios e in uenciando eleições. Percebe-se continuidades em termos de comportamento político eleitoral entre os evangélicos e o restante da sociedade, sobretudo no que tange a aversão a partidos e ideologias político-partidárias. É um fato sociologicamente relevante, as in uências das organizações religiosas sobre os éis no que tange a orientação do voto, mas tal in uência encontra limites, sobretudo em eleições majoritárias.

Agenda de costumes em processos democráticos

“…Entretanto, a literatura expõe que na prática não é novidade o fenômeno religioso na política. Atualmente, essa relação ainda é impactante, como aponta o crescimento do número de lideranças religiosas, ganhando espaço de proeminência em cargos políticos, assim como exercendo sua influência nas articulações e alianças nas campanhas (Carreiro, 2017;Vital;Lopes, 2012).…”

“…É o que ocorre com as agendas de costumes e sua proximidade com a parcela religiosa. No Brasil, a relação comportamento eleitoral e voto religioso tem ganhado mais proeminência nas eleições, configurando ao longo dos anos uma maior representação e demandas para nichos específicos, cedendo lugar às de construções nacionais, tais como: criminalização do aborto, proibição da união civil de homossexuais, defesa da moral cristã, família e bons costumes (Carreiro, 2017).…”

Assim na Câmara como na Assembleia

“…Na imagem 3 podemos perceber alguns e-flyers e prints de vídeos em que esse endosso foi publicizado. nhas, ampla capilaridade social, uso de espaços para "cultos-comícios", capital simbólico para a construção da identidade dos candidatos, entre outras benesses que não são encontrados nos partidos políticos (Prandi, Santos & Bonato, 2019;Lacerda & Brasiliense, 2018;Carreiro, 2017).…”

“A Milícia Dos Remidos Marcha Impoluta”: Campanha De Evangélicos Assembleianos Ao Legislativo Paranaense Em 2018

“…Ainda, "embora poucas igrejas pentecostais lancem 'candidatos oficiais', essas igrejas são eleitoralmente fortes em apresentar taxas de sucesso muito superiores às dos partidos políticos" LACERDA; BRASILIENSE, 2018, p. 63. Essa representação corporativa garante um leque de possibilidades aos candidatos agraciados com o poder organizacional e financeiro das igrejas evangélicas, materializada na mãode-obra voluntária, ampla rede de contatos entre fiéis e disponibilização dos púlpitos durante os cultos para "ministrações-comícios" (PRANDI et al, CARREIRO, 2017…”