Neste ano comemora-se o aniversário de 60 anos da Revista de Administração de Empresas (RAE). Pioneira na área de Administração, deu início, junto com revistas como a própria Revista de Administração Pública (RAP) ou a Revista de Administração (São Paulo) [RAUSP], à produção cientifica do campo de Administração -instaurando um marco nesse sentido -por várias décadas. Hoje, sessenta anos depois da criação da RAE, existem mais de 300 revistas acadêmicas no campo de Administração (Rosa & Romani-Dias, 2019b). A trajetória desta revista sessentona destaca-se pela capacidade de inovar e moldar os rumos do conhecimento em Administração, construindo sua reputação como uma das principais revistas desta área no país.Demonstrei, em artigo recém-publicado em coautoria com Lilian Alfaia Monteiro, na edição comemorativa dos 60 anos da RAE, que as revistas acadêmicas são, juntamente com pesquisadores, programas acadêmicos, reguladores e financiadores (a exemplo da Capes e CNPq), atores muito importantes na produção e evolução do conhecimento científico (Peci & Monteiro, 2021). De fato, as revistas, como principais meios de veiculação e comunicação da contribuição científica, desempenham um papel-chave na dinâmica competitiva do campo científico, uma vez que são ranqueadas e ajudam a "ranquear" pesquisadores e programas, promovendo a lógica de competição inerente ao jogo. No contexto brasileiro, esse papel é estimulado pela competição promovida pelos reguladores e financiadores como CAPES e CNPq, que impõem a lógica de rankings a programas, pesquisadores individuais e revistas acadêmicas.O ranking é baseado em várias métricas que diferenciam as revistas, dentre as quais, atualmente, destaca-se "a internacionalização". Conforme demonstrado por Rosa e Romani-Dias (2019a, 2019b), a internacionalização é compreendida e materializada de diversas formas pelas revistas brasileiras. Quase 60% das revistas dos estratos Qualis (A2) mais elevados adotam publicações bilíngue ou em inglês; do estrato B1, 73,33% dos periódicos também optam por esse tipo de publicação; e do B5, 100% dos periódicos publicam exclusivamente em português. Entretanto, os autores observam que boa parte das revistas nacionais não atinge presença significativa nos principais indexadores nacionais (SciELO) e internacionais (Scopus, Web of Science, entre outros) e ainda apresentam métricas de baixo impacto em comparação com pares internacionais, indicando certo risco de adotar de forma "cerimonial" estratégias de internacionalização.A estratégia de internacionalização da RAP abrange várias dessas dimensões. A opção por uma estratégia de publicação bilíngue elevou o número de submissões internacionais a 366 (trezentos