Revisitando a UDR: ação política, ideologia e representação

Fincando as Raízes Do Rentismo À Brasileira: Os Ruralistas Na Assembleia Nacional Constituinte (1987-1988)

“…Tais ações se concretizam, por exemplo, na facilitação de importação de armamentos para a formação de milícias no campo como resistência armada à reforma agrária do I PNRA do governo Sarney e às ocupações de terra sob o argumento de legítima defesa da propriedade privada e dos latifundiários (MENDONÇA, 2010). Ronaldo Caiado chegou, inclusive, a afirmar que havia "uma guerra no campo" e defendeu "a inevitabilidade da violência" contra os camponeses (BRUNO, 1996). A UDR utilizava também táticas de chantagem como a campanha visando o desabastecimento de carne em reação aos decretos de desapropriação para reforma agrária com ameaças no segundo semestre de 1986 de realização de um levante nacional contra o processo de redistribuição fundiária na assim chamada crise do boi gordo (MENDONÇA, 2010) .…”

“…Nos dez anos compreendidos pela tabela abaixo, demonstra-se o caráter oligárquico da estrutura fundiária com incremento da área ocupada pelos 5% maiores estabelecimentos rurais de 222 milhões de hectares para mais de 260 milhões de hectares, enquanto a área ocupado pelos 50% menores manteve-se em cerca de 8 milhões de hectares. BRUNO, 1996;LAPP, 1996).…”

Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA): campo de disputa entre ruralistas e petistas no Congresso Nacional brasileiro

“…Este artigo tem como objetivo refletir sobre a dinâmica das relações entre adversários políticos no Legislativo brasileiro nas últimas décadas quando está em jogo o debate sobre o rural. Procurei analisar a disputa política entre ruralistas e petistas integrantes da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), 2 uma das mais importantes instâncias políticas de organização e de representação de interesses patronais rurais e do agronegócio no Legislativo (BRUNO, 1996(BRUNO, , 2009XAVIER, 2015). Busquei entender qual o lugar do rural e da agropecuária nos debates parlamentares, especialmente as posições divergentes entre "ruralistas" e "petistas", que expressam, dentre outros aspectos, visões distintas e conflitantes sobre o uso da terra e propostas de políticas públicas.…”

Trabalhadores rurais, Igreja Católica e Reforma Agrária: conquista de terras no Vale do Rio Doce de Minas Gerais durante a década de 1980

“…No Vale do Rio Doce de Minas Gerais, ocupações de terra e organizações camponesas estabeleciam-se em municípios da região. Por outro lado, grandes proprietários locais articularam-se em torno da União Democrática Ruralista (UDR) (Zangelmi 2014), organização que teve como uma de suas principais facetas o uso da violência na defesa das propriedades, especialmente em face das ocupações de terra que avançavam pelo país (Bruno 1996).…”

“…A utilização da violência era justificada pela defesa das propriedades privadas que estariam sendo violadas pelas ocupações. Além disso, ações da UDR estiveram fortemente voltadas para a delimitação e a desqualificação de seus principais adversários: setores progressistas da Igreja Católica, o PT e, principalmente, o MST (Bruno 1996).…”