RESUMO O texto busca provocar uma reflexão sobre os currículos dos cursos superiores de Música brasileiros, destacando a possibilidade de naturalização de suas estruturas engendrada por disposições de habitus incorporadas ao longo da história. Propõe a colonialidade como doxa do ensino de música, que, por meio de disposições conservatoriais incorporadas na forma de habitus, se torna nomos nos documentos curriculares. Dessa maneira, em diálogo com as propostas de um giro decolonial e de um projeto transmoderno, busca-se, em primeiro lugar, desnaturalizar essa doxa, esse habitus, para então prosseguir com a redistribuição dos conhecimentos legitimados e o reconhecimento de conhecimentos outros comumente silenciados. Para isso, insiste-se que não é necessário apagar o conservatório nem silenciar a música erudita, mas é essencial abrir espaço não somente para outras práticas sonoras, como também para outras formas de pensá-las e organizá-las.