Dedico essa tese a todos aqueles que me apoiaram nessa longa jornada, em especial ao professor José Horta que pela primeira vez me chamou atenção para o tema dos tecidos e sua relação com a compra de escravizados em Angola.Ao professor Luiz Frederico Dias Antunes, que com grande dedicação me conduziu para importantes leituras.A minha orientadora Lucilene Reginaldo, que incansavelmente esteve ao meu lado, nos momentos mais difíceis, debatendo cada parágrafo, criticando e construindo em parceria essa tese.Aos docentes do curso de pós-graduação da UNICAMP, Silvia Lara, Robert Slenes, Lucilene Reginaldo, Fernando Teixeira e Aldair Rodrigues que por meio dos encontros semanais na linha de pesquisa proporcionaram importantes reflexões para a execução do presente trabalho, além, claro, das alunas e alunos que participaram desses importantes momentos de discussão. Aos professores Roquinaldo Ferreira, Mariana Candido, Crislayne Gloss Marão, Daniele Santos Souza e Aldair Rodrigues pelas sugestões de leitura e correções indicadas no exame de qualificação e na defesa. Na Unicamp fiz grandes amizades que se uniram para me apoiar nos momentos mais delicados da escrita da tese. Aqui fica o meu eterno agradecimento a Larissa Mundim, Tamires Sacardo, Daniela Cavalheiro e Alessandra Belo, vocês me ouviram e me ajudaram quando precisei,.Por fim, dedico essa tese a minha irmã Alessadra, a minha mãe Helena, ao meu pai José e ao meu companheiro Ricardo."Não lutamos por integração ou por separação. Lutamos para sermos reconhecidos como seres humanos." (Malcom X)
RESUMOO presente trabalho se dedica ao escrutínio do comércio de tecidos asiáticos e europeus empregados como objeto moeda para a compra dos africanos centro ocidentais que foram traficados para a Bahia, durante a primeira metade do século XVIII. A análise acurada da documentação demonstrou que esse comércio se desenvolveu por meio de redes transnacionais. Os seus principais agentes obedeciam a regras próprias de mercado. As leis alfandegárias e a elevada tributação impostas pela metrópole aos tecidos importados que serviam ao tráfico de pessoas tornaram os tecidos legalmente traficados pouco competitivos no mercado africano Centro Ocidental, também disputado por outras nações europeia. Em razão disso, o contrabando se tornou sistemático no negócio dos tecidos, tanto na Bahia quanto em Angola. O comércio ilegal, longe de solapar o sistema colonial, foi, ao reverso, a chave para a sua sobrevivência. Dito de outra forma, as fraudes no sistema de tributação portuguesa permitiram aos traficantes de escravizados adquirir manufaturas a preços competitivos e, assim sendo, puderam concorrer com as nações do Norte (Inglaterra, França e Holanda).