2021
DOI: 10.1590/interface.200256
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Quem inventou a fome são os que comem: da invisibilidade à enunciação – uma discussão necessária em tempos de pandemia

Abstract: Este texto tem o objetivo de discutir a importância da enunciação da fome com base na emergência da pandemia de Covid-19. Para tanto, apresenta um breve histórico sobre o uso dos termos fome e (in)segurança alimentar e nutricional, partindo da pioneira experiência brasileira de Josué de Castro e do pressuposto que nomear ou não a ausência regular de comida em quantidade suficiente para manutenção da vida como fome é um ato ético-político, com implicações diretas na construção de programas e políticas públicas … Show more

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“…Segundo Frutuoso e Viana (2021) [20] , nomear a fome na experiência vivida, como feito pelos entregadores ao reivindicarem seu direito de comer, permite sensibilizar e ampliar a discussão sobre o assunto e reconhecer quem são as pessoas atingidas por ela, em relação ao gênero, à raça e à classe, na pandemia e fora dela. Desse modo, conforme apontado pelos autores: "a discussão e as decisões sobre a fome ganham complexidade por meio de corpos em risco na busca de comida e/ou recursos e na luta pela vida que não se distancia dos contornos do mercado neoliberal" [20] . De acordo com dados do II VIGISAN, 65% das pessoas pretas e pardas enfrentaram algum grau de IA [3] .…”
Section: Garantia De Acesso Regular Aos Alimentos Pelos Entregadoresunclassified
“…Segundo Frutuoso e Viana (2021) [20] , nomear a fome na experiência vivida, como feito pelos entregadores ao reivindicarem seu direito de comer, permite sensibilizar e ampliar a discussão sobre o assunto e reconhecer quem são as pessoas atingidas por ela, em relação ao gênero, à raça e à classe, na pandemia e fora dela. Desse modo, conforme apontado pelos autores: "a discussão e as decisões sobre a fome ganham complexidade por meio de corpos em risco na busca de comida e/ou recursos e na luta pela vida que não se distancia dos contornos do mercado neoliberal" [20] . De acordo com dados do II VIGISAN, 65% das pessoas pretas e pardas enfrentaram algum grau de IA [3] .…”
Section: Garantia De Acesso Regular Aos Alimentos Pelos Entregadoresunclassified
“…ODS 2 -Fome zero e agricultura sustentável: a pandemia destacou a persistente e crescente fome estrutural no Brasil, apesar dos sinais de diminuição e do fato de o país possuir vastas terras e ser um dos principais produtores globais de alimentos. Esse cenário é ilustrado pelas recentes disputas relacionadas ao agronegócio, que impactam negativamente as estruturas públicas envolvidas na produção, distribuição e abastecimento de alimentos (Frutuoso-Viana, 2021). ODS 4 -Educação de qualidade: a chegada da pandemia trouxe transformações significativas no processo de ensino e aprendizagem, tanto no Brasil quanto globalmente.…”
Section: Pandemia De Covid-19 E Os Objetivos De Desenvolvimento Suste...unclassified
“…Sendo pesquisadores e educadores que reconhecem na infância e na juventude espaço potente de produções inventivas, com investimento em mudanças processuais e estruturais, o desafio tem sido construir coletivamente, com crianças e adolescentes, ações coletivas referenciais para a formulação de políticas públicas. Isto significa conviver com aqueles que vivem a experiência da fome e de situações de violação do DHAA, construir possibilidades de compreensão e análise crítica da produção dessa experiência e propor ações que desloquem a subalternização ou o conformismo malthusiano deste cenário (Frutuoso;Viana, 2021).…”
Section: Dos Processos Da Parceria: Fortalecimento Sustentabilidade E...unclassified
“…Em 2020, a fome estrutural, crônica e muitas vezes invisível, que se agrava a partir da manutenção da desigualdade social e do contexto de crise, passa a compor os cenários alimentares dos territórios urbanos periféricos juntamente com a fome conjuntural, aguda e visível, produzida repentinamente pela pandemia e pelo isolamento social que impossibilita a sustentação da fonte de renda, predominantemente fruto do trabalho informal e precarizado, explicitando as enormes desigualdades sociais brasileiras. A organização da sociedade civil tem contribuído para o enfrentamento emergencial da fome durante a pandemia, com iniciativas de apoio e articulação comunitária, gestão coletiva e compartilhamento de comida, evidenciando a solidariedade como ferramenta histórica das relações sociais em territórios periféricos (Silva Filho;Gomes Júnior, 2020;Frutuoso;Viana, 2021). Este cenário nos convida a fortalecer a produção de conhecimento e a pensar a pauta da alimentação junto com aqueles que enfrentam situações de fome e insegurança alimentar.…”
Section: Introductionunclassified
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