Abstract:A partir da discussão sobre a eficácia da psicanálise, a autora considera necessário o diálogo com as neurociências e a psicofarmacologia. Aponta como o critério de eficácia, entendido pela medicina baseada em evidências, apaga a dimensão da narratividade e, conseqüentemente, da subjetividade. Apresenta uma vinheta de um atendimento emergencial no Hospital Universitário Clementino Fraga Filho como possibilidade de se manter a escuta psicanalítica no atendimento psiquiátrico.
“…A maioria dos psicanalistas assume um pressuposto de que a subjetividade humana está acima de todas as possibilidades de análise científica [20][21]. Assim, desde a sua fundação e até os dias de hoje com a sua versão contemporânea, a psicanálise carrega uma tradição de ser resistente à testagem de suas hipóteses, sejam sobre eficácia clínica ou construtos teóricos.…”
Section: Resistência à Testagemunclassified
“…Apesar da divisão de opiniões dentro da comunidade psicanalítica sobre o caráter científico da doutrina, é possível constatar que a maioria dos adeptos tem grande resistência à adoção de ferramentas sistematizadas para obtenção de dados, sob a justificativa de que seu objeto de estudo, o ser humano, seria demasiadamente singular para ser compreendido por uma suposta ciência "positivista", em que só experimentos empíricos seriam permitidos [22]. É explicitamente dito por psicanalistas, por exemplo, que eles acreditam "que hoje é fundamental demonstrar que a psicanálise não necessite de novos fundamentos científicos que seriam fornecidos de forma 'sistemática' e 'segura'" [23, p. 15], que a cura psicanalítica não poderia ser apreendida em termos de critérios de eficácia, como seria feito em psiquiatria [24], e que o estabelecimento de critérios de avaliação da eficácia psicoterápica seriam considerados uma ameaça à subjetividade [20]. Inclusive, há uma oposição clara àqueles que buscam estes objetivos:…”
Introdução: A psicanálise já foi classificada como pseudociência no passado. Karl Popper foi um daqueles que traçou objeções à doutrina psicanalítica, usando do critério da falseabilidade. Entretanto, a falseabilidade não pode mais ser considerada suficiente para resolver o problema, já que implica em dificuldades consideráveis, e melhores alternativas para abordar a questão estão disponíveis. Objetivo: Este artigo tem por objetivo avaliar o status científico da psicanálise em relação ao problema da demarcação. Método: Para fazer isso, o critério de Sven Ove Hansson foi utilizado: este consiste em um conjunto de condições suficientes e necessárias, que é complementado com uma lista de multicritérios que auxiliam a identificar pseudociências. Foi analisado o quanto a psicanálise se encaixava em cada um dos sete itens da lista de Hansson, além de ser proposta a adição de um oitavo item. Resultados: Os resultados mostraram que a psicanálise era compatível com todos os oito itens da lista de demarcação de pseudociências. Conclusão: Ao final, a conclusão foi de que mesmo que a falseabilidade deva ser descartada, as evidências sugerem que ainda temos motivos suficientes para afirmar que a psicanálise é uma pseudociência, já que ela se distancia significativamente dos padrões de qualidade científicos.
“…A maioria dos psicanalistas assume um pressuposto de que a subjetividade humana está acima de todas as possibilidades de análise científica [20][21]. Assim, desde a sua fundação e até os dias de hoje com a sua versão contemporânea, a psicanálise carrega uma tradição de ser resistente à testagem de suas hipóteses, sejam sobre eficácia clínica ou construtos teóricos.…”
Section: Resistência à Testagemunclassified
“…Apesar da divisão de opiniões dentro da comunidade psicanalítica sobre o caráter científico da doutrina, é possível constatar que a maioria dos adeptos tem grande resistência à adoção de ferramentas sistematizadas para obtenção de dados, sob a justificativa de que seu objeto de estudo, o ser humano, seria demasiadamente singular para ser compreendido por uma suposta ciência "positivista", em que só experimentos empíricos seriam permitidos [22]. É explicitamente dito por psicanalistas, por exemplo, que eles acreditam "que hoje é fundamental demonstrar que a psicanálise não necessite de novos fundamentos científicos que seriam fornecidos de forma 'sistemática' e 'segura'" [23, p. 15], que a cura psicanalítica não poderia ser apreendida em termos de critérios de eficácia, como seria feito em psiquiatria [24], e que o estabelecimento de critérios de avaliação da eficácia psicoterápica seriam considerados uma ameaça à subjetividade [20]. Inclusive, há uma oposição clara àqueles que buscam estes objetivos:…”
Introdução: A psicanálise já foi classificada como pseudociência no passado. Karl Popper foi um daqueles que traçou objeções à doutrina psicanalítica, usando do critério da falseabilidade. Entretanto, a falseabilidade não pode mais ser considerada suficiente para resolver o problema, já que implica em dificuldades consideráveis, e melhores alternativas para abordar a questão estão disponíveis. Objetivo: Este artigo tem por objetivo avaliar o status científico da psicanálise em relação ao problema da demarcação. Método: Para fazer isso, o critério de Sven Ove Hansson foi utilizado: este consiste em um conjunto de condições suficientes e necessárias, que é complementado com uma lista de multicritérios que auxiliam a identificar pseudociências. Foi analisado o quanto a psicanálise se encaixava em cada um dos sete itens da lista de Hansson, além de ser proposta a adição de um oitavo item. Resultados: Os resultados mostraram que a psicanálise era compatível com todos os oito itens da lista de demarcação de pseudociências. Conclusão: Ao final, a conclusão foi de que mesmo que a falseabilidade deva ser descartada, as evidências sugerem que ainda temos motivos suficientes para afirmar que a psicanálise é uma pseudociência, já que ela se distancia significativamente dos padrões de qualidade científicos.
“…Em apoio a essa crítica, Bastos (2002), ao discorrer sobre a possibilidade de termos uma psicologia baseada em evidências, afirma que "não há modelização possível para um saber sobre a singularidade humana" e que "os psicanalistas não precisam se transformar em cristãos novos, aderindo a uma prática biomédica hegemônica vigente", ou seja, não seria possível e nem necessário que a psicoterapia se adequasse ao modelo de ciência baseada em evidências. Da mesma forma, para Winnicott, as necessidades de pesquisa não podem ser os guias de tratamento do paciente e, além disso, nenhum setting pode ser repetido: o mais próximo que poderíamos chegar desse modelo "seria a comparação posterior do observado na análise com a teoria existente, modificando-a, se necessário" ).…”
Vários países já adotam o modelo da Medicina Baseada em Evidências para definir a forma como seus gastos na área da saúde serão direcionados. Caso um procedimento ou tratamento não tenha sua eficácia comprovada através de métodos experimentais que tenham acompanhado um número suficiente de pacientes, seu uso não é recomendado ou aprovado. Nesse cenário, a psicanálise enfrenta a dificuldade de apresentar seus resultados em grande escala na forma como esse modelo de ciência exige. Neste artigo, tomo como guia as ideias de Winnicott para apresentar as críticas de diversos outros autores sobre esse tema, de forma a discutir sua aplicabilidade. A conclusão é ampla, haja vista que o próprio Winnicott não tem uma posição clara sobre o assunto. Porém, sendo a busca por evidências uma questão que diz respeito à saúde pública, e não somente ao futuro da psicanálise como ciência, devemos nos esforçar no sentido de aperfeiçoar as pesquisas em psicanálise para além da análise individual de pacientes.
“…Afinal, o que implicaria o sucesso de uma psicoterapia? Bastos (2002) evidencia como a noção de avaliação de uma intervenção terapêutica está comumente ligada a uma visão biotecnicista e pragmática, que visa à normalização de um sujeito para que ele possa retornar o mais rapidamente possível a desempenhar suas funções.…”
Section: Para Psicoterapias Psicodinâmicasunclassified
Ao meu orientador, professor Pablo Castanho, pela confiança por aceitar orientar este trabalho, por toda a atenção e tempo generosamente cedidos e por ter possibilitado o desenvolvimento desta dissertação de mestrado.Aos caros colegas do grupo de pesquisa Clínica de Grupos e Instituições: Abordagem Psicanalítica (CLIGIAP), tanto os que fazem e que fizeram como também aqueles que irão fazer parte desse espaço tão importante de discussão e enriquecimento mútuo de trabalhos. Agradeço pela leitura, pelos comentários e pelas contribuições, e, em especial, agradeço às colegas do Grupo de Trabalho de Revisões, que foram imprescindíveis para a elaboração da revisão apresentada nesta dissertação.A minha coorientadora, professora Claudia Oshiro, que possibilitou uma nova ótica das problemáticas aqui discutidas.Ao professor Fernando da Silveira, pela leitura atenciosa e importantes contribuições no exame de qualificação.Aos meus pais, Renato e Luciana, pela fé depositada em mim e por todo o suporte, atenção e afeição.A Leonardo, por estar sempre ao meu lado, incentivando-me e me encorajando.Às minhas amigas Clarice, Ana Luiza, Letícia, Mariana e Marina, pelos bons momentos, conversas e risadas que me proporcionaram.À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal do Nível Superior (CAPES), pela concessão da bolsa de mestrado que possibilitou a realização desta pesquisa.
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