Produção do cuidado de enfermagem à população LGBTQIA+ na atenção primária

Abstract

Objetivo: descrever a produção do cuidado em Enfermagem à saúde de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Pessoas Trans Queers Intersexos, Assexuais e outras identidades sexuais e de gênero, a partir das reflexões acerca do trabalho da enfermeira. Método: Estudo qualitativo, realizado com 18 enfermeiras que atuavam na Atenção Primária à Saúde em um município da Bahia, Brasil entre o ano de 2018. Realizou-se entrevista individual em profundidade, analisadas pelo método do Discurso do Sujeito Coletivo. Resultados: O cenário da produção do cuidado de enfermagem a partir do trabalho da enfermeira na Atenção Primária direcionado à população LGBTQIA+ esteve permeado por fragilidades no reconhecimento desta população no território de atuação, no atendimento clínico empregado na consulta de Enfermagem e no reconhecimento das vulnerabilidades e necessidades de saúde da população LGBTQIA+. Conclusão: Há fragilidades, barreiras e dificuldades na produção do cuidado à saúde da população LGBTQIA+ que envolvem dimensões distintas que perpassam pela formação acadêmica, profissional, estrutural, administrativa/institucional e da gestão do cuidado e atenção à saúde no contexto da Atenção Primária. Este cenário é provocador da manutenção de desigualdades e iniquidades em saúde que necessitam ser superados. Descritores: Análise de Gênero na Saúde. Diversidade de Gênero. Minorias Sexuais e de Gênero. Enfermagem. Atenção Primária à Saúde.

Evidências científicas sobre o acesso aos serviços de saúde pela população LGBTQI+: Revisão de escopo

“…As lacunas nas competências culturais em relação à saúde, a falta de conscientização e conhecimento das necessidades únicas de saúde da população LGBTQI+, juntamente com atitudes não-inclusivas, foram identificadas como possíveis fatores contribuintes entre profissionais e gestores de saúde (Monteiro & Brigeiro, 2019;Silva et al, 2019;Moraes et al, 2020;Lazcano & Toneli, 2021;Silva et al, 2021).…”

“…Como observam Barbosa e Facchini (2009), que concluíram que os processos de estresse das minorias estão relacionados a uma série de problemas de saúde mental, incluindo sintomas depressivos, uso de substâncias e ideação e tentativas de suicídio. Estudos também encontraram ligações entre o estresse das minorias e problemas de saúde física e mental (Moura et al, 2010;Silva et al, 2021).…”

“…Os homens gays também estavam em risco aumentado de vários tipos de câncer, incluindo próstata, testículo, anal e cólon, o que pode estar relacionado a serviços limitados de triagem culturalmente sensíveis (Lazcano & Toneli, 2021). Há também um risco aumentado de doenças sexualmente transmissíveis como sífilis, infecções por papilomavírus humano (HPV) e hepatite em homens que fazem sexo com homens (Silva et al, 2021). Ferreira et al, (2018) apontam risco aumentado de câncer de mama, ovário e endométrio em lésbicas e mulheres bissexuais devido a menos gestações, menos mamografias disponibilizadas a esse público, e obesidade.…”

Políticas públicas de saúde na atenção à população LGBTQIA+

“…A saúde, conforme a Constituição Federal Brasileira de 1988, é reconhecida como um direito de todos e dever do Estado; contudo, percebe-se grandes entraves para a efetivação de tal afirmativa, dentre eles, as iniquidades e os quadros de exclusão, que devem ser enfrentados e combatidos com ações que direcionem a reversão, na perspectiva do princípio da equidade, para os distintos grupos sociais (Silva et al, 2021).…”

Saúde um direito de tod(e)s? Impasses encontrados pela população LGBTQIA+ no âmbito da Atenção Primária à Saúde

“…No Brasil, apesar da Constituição Federal de 1988 garantir o direito ao acesso universal e igualitário a toda a população, por meio do Sistema Único de Saúde (SUS), a acessibilidade na atenção primária para a comunidade LGBTQIA + ainda é um grande desafio (Machado & Souza, 2021). As fragilidades, associadas a barreiras e dificuldades envolvem Research, Society andDevelopment, v. 11, n. 9, e52711932142, 2022 (CC BY 4.0) | ISSN 2525-3409 | DOI: http://dx.doi.org/10.33448/rsd-v11i9.32142 3 dimensões complexas que ultrapassam a formação profissional, acadêmica e estrutural o que, consequentemente, influência nas desigualdades e inequidades em saúde que urgentemente carecem ser superadas (Silva et al, 2021).…”