O último censo da população em situação de rua da cidade de São Paulo, em 2021, recenseou 31.884 pessoas. O quesito identidadede gênero foi autodeclarado por 68,58%, contra 31,42% dos que não responderam. Majoritariamente, 54,91% são homens cisgêneros e 11,58% mulheres cisgêneros. Na pesquisa censitária, 668 pessoas (3,05%) autodeclararam outras identidades não cisgênero e representam o universo LGBTQIA+ analisado. Considerando-se as vulnerabilidades individuais, sociais e programáticas das pessoas LGBTQIA+, examina-se, na perspectiva interseccional, o perfil dessa população, quanto à caracterização da situação de rua, o tempo de vivência na rua, a faixa etária, as especificidades da identidade de gênero e a raça/cor/etnia, bem como as dificuldades metodológicas na coleta dos dados. Predominantemente, 58,08% se concentram em três das 31 subprefeituras; a maioria é do sexo masculino; um terço se identifica como agênero; 63,03% se autodeclaram como pretos e pardos; 45,21% têm entre 31 e 49 anos de idade; mais da metade vive nas ruas há mais de dois anos; 71,41% se encontravam em situação de rua e menos de um terço foi acolhido pelos serviços municipais. A pandemia da covid-19, intensificou as vulnerabilidades da população LGBTQIA+ em situação de rua na cidade mais rica do País e sua mitigação exige maior proatividade das políticaspúblicas de saúde em interface com outros setores.