A Teoria dos Sistemas Dinâmicos e Complexos tem se consolidado como um referencial relevante para o estudo do desenvolvimento fonético-fonológico de línguas não nativas. Adotar essa perspectiva teórica implica conceber a língua como um sistema dinâmico, complexo, emergente, não lineares, aberto, adaptativo, sensível ao estado inicial, suscetível à auto-organização por meio de atratores, bem como suscetível a mudanças repentinas ao alcançar pontos críticos de mudança. Considerando a expansão dessa teoria para diversas áreas do conhecimento, este artigo tem por objetivo discuti-la a partir de estudos, sobretudo no contexto brasileiro, sobre o desenvolvimento e o tratamento pedagógico dos sistemas de sons das línguas não nativas. Para tanto, apresentaremos e discutiremos algumas das principais características de Sistemas Dinâmicos Complexos, bem como as relacionaremos com possíveis implicações para contextos formais que envolvem o ensino/aprendizagem da pronúncia de línguas não nativas. O artigo resenha uma série de estudos que investigam e modelam o desenvolvimento do sistema sonoro de línguas não nativas sob a ótica desse modelo teórico, bem como estudos que destacam o papel da instrução explícita sobre pronúncia como um fator ‘perturbador’ que pode contribuir com o desenvolvimento do sistema sonoro de línguas não nativas.