A farinha de folhas de mandioca apresenta relativamente, elevados teores de proteínas porém, sua digestibilidade é baixa. Isso poderia ser atribuído, parcialmente, ao seu teor em fibras [20]. Em ensaio biológico com ratos realizado por VILAS-BÔAS [28] empregando dietas contendo a parte aérea de mandioca como fonte de fibras, nas proporções de 5, 10 e 15% de fibras, foi concluído que ratos alimentados com as dietas contendo fibras apresentaram crescimento menor e diminuição da eficiência alimentar em relação ao grupo controle. Houve também diminuição da digestibilidade protéica in vivo, sendo inversamente proporcional aos níveis de fibras da dieta.Além das fibras, outros componentes químicos podem ter efeito prejudicial sobre o aproveitamento protéico. Os polifenóis, por exemplo, reduzem a digestibilidade e a disponibilidade de aminoácidos, como a lisina, em que seu grupo ε-amino torna-se indisponível [16,23]. A presença de polifenóis (taninos) influencia também negativamente a disponibilidade de metionina [19] e, além disso, agrava a deficiência inerente de aminoá-cidos sulfurados das folhas de mandioca. A metionina além de doadora de grupos metil [11] é fonte de enxofre para a detoxificação de cianeto [20].Neste trabalho empregaram-se três solventes para remover os polifenóis da farinha de folhas de mandioca, objetivando-se melhoria na digestibilidade da proteína. Nutrientes e antinutrientes foram analisados nas farinhas, antes e após a remoção dos polifenóis.
-MATERIAL E MÉTODOS
-Coleta e preparo da amostraAs folhas maduras e frescas de mandioca (Manihot
RESUMOA farinha de folhas de mandioca apresenta baixa digestibilidade, mesmo possuindo um teor relativamente elevado em proteínas, principalmente, devido à presença de substâncias como os polifenóis. Visando melhorar o aproveitamento protéico desta farinha, empregaram-se três solventes (água, etanol 50mL/100mL e hidróxido de amônio 1mol/L) para remover os polifenóis. Folhas maduras de mandioca foram coletadas na fase vegetativa, em três repetições, colocadas em bandejas de papel e secas à sombra sobre bancadas de madeira, em recinto fechado e arejado, em temperatura ambiente. Após secagem, retiraram-se os pecíolos e as folhas foram moídas e passadas em peneira de 40mesh. A farinha foi submetida, antes e após a remoção dos polifenóis, às análises de umidade, fibra detergente neutra (FDN), fibra detergente ácida (FDA), açúcares totais, proteína bruta, vitamina C total, β-caroteno, cianeto, inibidor de tripsina, polifenóis e digestibilidade protéica in vitro. Após remoção dos polifenóis, houve diminuição dos teores de açúcares totais, vitamina C total, inibidor de tripsina e polifenóis e aumento de FDN, FDA, proteína bruta, β-caroteno e digestibilidade protéica in vitro. Dos solventes empregados para remover polifenóis, o hidróxido de amônio foi o mais eficaz, com índice de remoção de 94%, seguido pelo etanol (83%) e água (65%). A digestibilidade da proteína in vitro aumentou em 74%, quando o solvente empregado na remoção dos polifenóis foi o hidróxido de amônio...