ResumoConsiderando certa escassez de teorias comunicacionais atentas ao comunicar espontâneo do cotidiano, o trabalho destina-se à reflexão sobre o conceito de psicogeografia com tal propósito. O termo psicogeografia foi usado pela Internacional Situacionista para designar os estudos do grupo sobre as influências que atingem a relação entre o indivíduo e o ambiente geográfico. Propõe-se uma articulação entre o viés prático/empírico dos situacionistas e teorias de geógrafos como Augustin Berque, Milton Santos e Henry Lefebvre, para os quais a relação da humanidade com o seu meio é, sobretudo, uma relação comunicativa.
Palavras-chaveComunicação. Cidade. Cotidiano. Psicogeografia.
Introdução: a prática psicogeográficaO trabalho tem como objetivo levantar algumas reflexões acerca do conceito de psicogeografia, difundido pela Internacional Situacionista em meados do século XX. A questão concentra-se em uma tentativa de complementar o desenvolvimento teórico produzido pelos situacionistas, no qual a psicogeografia aparece mais como prática do que como teoria, a fim de, por sua vez, propor algumas contribuições epistemológicas para os estudos comunicacionais. Não se trata, todavia, de crítica ao viés empírico priorizado pelo grupo, ao contrário, a intenção deste trabalho é recuperar o conceito, articulando teorias com afinidades evidentes para, então, refletir sobre as relações entre empiria e epistemologia no campo da comunicação, consideradas urgentes e necessárias.