A particularidade do lugar não é relevante apenas na operação histo riográfica (Certeau, 1982), constitui marca indelével também nas posições assumidas pelos profissionais da área, sempre mediadas por critérios valida dos por determinadas rotinas e pertinências vinculadas à prática disciplinar e organizadas com base na particularidade de seu lugar social. Podese pensar essa ideia de "lugar social" de Michel de Certeau articulada à noção de "cam po social", de Pierre Bourdieu (1989;2004). Os campos resultam de processos de diferenciação social, de formas de ser e do conhecimento do mundo, e o que lhes dá suporte seriam as relações de força entre indivíduos e grupos e entre estes e as instituições. Reflexões relativas ao lugar social ou mesmo à construção social de um campo, os jogos que nele se jogam, os processos materiais e simbólicos que nele são gerados adquirem especial relevância quando se precisa compreender algumas dimensões relativas aos debates so bre o ensino de História travados nos últimos meses, em razão do lançamento da proposta da Base Nacional Comum Curricular -BNCC.O ensino de História tem estado no centro de um importante debate pú blico que envolve sujeitos situados em diferentes lugares de atuação profissio nal e com relações distintas de aproximações e distanciamentos com a Educação Básica. A dispersão dos discursos veiculados na mídia, que, por ve zes, trazem contundentes argumentos defendendo ou rechaçando determinado desenho curricular, expõe a variedade de entendimentos relativos à História e ao seu ensino, expõe interesses que forjam determinado campo ou campos, pois pode haver "tantos campos, quantas são as formas de interesse" (Bourdieu, 2004, p.65). Expõe ainda posições que evidenciam contradições em meio a disputas sobre o que é válido e legítimo para ser selecionado a compor um currículo comum de História para a Educação Básica.Contudo, mesmo expondo fraturas, jogos e interesses vinculados às parti cularidades dos lugares sociais de quem fala, o debate -ainda em curso -é capaz de trazer possibilidades instigantes de diálogos sobre mudanças necessárias no ensino de História e na formação de docentes para a atuação na Educação Básica. Decantados, tais debates e posições -mesmo que revelem contradições e dispu tas de poder -têm potencial para o estabelecimento de pautas comuns entre os 7 Dezembro de 2015