O s anos 1950 foram pródigos em ciclos de pesquisas desenvolvidos pelas ciências sociais brasileiras, como o convênio Columbia University-Estado da Bahia, o programa Unesco de relações raciais e o conjunto de estudos realizados no Vale do Rio São Francisco. Patrocinados por agências nacionais e internacionais, instituições de ensino e pesquisa, os projetos abordaram um país em acelerado processo de transformação social com base na industrialização, na urbanização e em mudanças no mundo rural. No centro dessas iniciativas encontra-se tema caro à sociologia: a mudança social. Alvo de distintas interpretações, este conceito foi mobilizado por cientistas sociais no esforço de compreensão dos desafios postos pela modernização da estrutura socioeconômica do país, em que assumia relevo a ação planejadora do Estado. Neste período, o papel dos cientistas sociais foi objeto de intensos debates envolvendo os limites de seu envolvimento com a intervenção e as relações entre uma modalidade aplicada de ciência social e as atividades de natureza acadêmico-científica.Este artigo analisa as relações entre ciências sociais e desenvolvimento no Brasil a partir da investigação do ciclo de Pesquisas no Vale do São Francisco. Coordenado pelo sociólogo norte-americano Donald