Resumo Este artigo analisa, de uma perspectiva histórica transnacional, a pesquisa sobre relações raciais desenvolvida pelo sociólogo norte-americano Donald Pierson na cidade de Salvador entre 1935 e 1937, que resultou na sua tese de doutorado defendida na Universidade de Chicago sob orientação de Robert Park. Partimos da hipótese de que a forma como o sociólogo apresenta e analisa o vasto material coletado na Bahia, assim como as proposições de caráter mais geral contidas em seu livro, somente adquirem significado quando se explicita, além dos diálogos com os cientistas sociais brasileiros, seu enquadramento conceitual subjacente, que remonta à agenda de pesquisas capitaneada por Robert Park.
O artigo explora a interface entre Saúde Pública e Ciências Sociais no pensamento de Alberto Guerreiro Ramos (1940-1950), à luz de sua trajetória intelectual e do desenvolvimento daquelas disciplinas no Brasil. Indica-se como a Saúde foi um elemento-chave para as interpretações de Guerreiro Ramos sobre a Nação e sobre o papel que as Ciências Sociais deveriam assumir no processo de modernização da sociedade. Iniciando sua carreira em agências governamentais, seus primeiros trabalhos sobre Saúde e Infância foram inspirados por abordagens sociológicas norte-americanas, notadamente da chamada "Escola de Chicago". Nos anos 1950, Guerreiro analisou o problema da mortalidade infantil como resultado de estruturas socioeconômicas subdesenvolvidas e criticou os programas de saúde pública que, a seu ver, estavam desarticulados do objetivo prioritário de industrialização.
O s anos 1950 foram pródigos em ciclos de pesquisas desenvolvidos pelas ciências sociais brasileiras, como o convênio Columbia University-Estado da Bahia, o programa Unesco de relações raciais e o conjunto de estudos realizados no Vale do Rio São Francisco. Patrocinados por agências nacionais e internacionais, instituições de ensino e pesquisa, os projetos abordaram um país em acelerado processo de transformação social com base na industrialização, na urbanização e em mudanças no mundo rural. No centro dessas iniciativas encontra-se tema caro à sociologia: a mudança social. Alvo de distintas interpretações, este conceito foi mobilizado por cientistas sociais no esforço de compreensão dos desafios postos pela modernização da estrutura socioeconômica do país, em que assumia relevo a ação planejadora do Estado. Neste período, o papel dos cientistas sociais foi objeto de intensos debates envolvendo os limites de seu envolvimento com a intervenção e as relações entre uma modalidade aplicada de ciência social e as atividades de natureza acadêmico-científica.Este artigo analisa as relações entre ciências sociais e desenvolvimento no Brasil a partir da investigação do ciclo de Pesquisas no Vale do São Francisco. Coordenado pelo sociólogo norte-americano Donald
Resumo: A criação do Departamento Nacional da Criança em 1940, em meio à crescente incorporação das demandas sociais pelo Estado durante a era Vargas, pode ser considerada um marco na história das políticas de assistência materno-infantil no Brasil. Este trabalho, ao abordar os primórdios da estruturação dos serviços federais de proteção materno-infantil no país, analisa a forma como os médicos puericultores buscaram delimitar uma esfera própria de atuação profissional no âmbito do Estado, defendendo a implementação de um intrincado leque de ações em saúde, educação e assistência. Argumenta-se que os puericultores foram em grande medida informados por interpretações do Brasil que indicavam o quadro de pobreza e desnutrição da população como os principais obstáculos à construção da nação, lançando mão da linguagem da eugenia a fim de acentuarem a dimensão social dos problemas da criança no país, como a mortalidade infantil e a delinquência juvenil.
artigo | marcos chor maio e thiago da costa lopes (1935)(1936)(1937), que se fez acompanhar da visita de seu orientador, Robert Park, em 1937, contribuiu para que Salvador viesse a ser considerada, por pesquisadores estrangeiros, importante laborató-rio para o estudo das relações de raça e cultura (Valladares, 2010).
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