A economia brasileira na década de 80 atravessou uma das mais graves crises de sua história, a qual resultou na estagnação do Produto Interno Bruto e em taxas de inflação sem precedentes. Apesar desse quadro econômico crítico os indicadores sociais apresentaram evolução positiva. Foi mostrado que, embora as famílias brasileiras adotassem como estratégia para o enfrentamento desta crise a super utilização da força-de-trabalho familiar no mercado de trabalho, a evolução da renda e da pobreza nesse período foi desfavorável. Concluiu-se que a ampliação dos dispêndios e transformação das formas de implementação das políticas públicas nas áreas de saúde e nutrição são fatores decisivos no desempenho dos indicadores sociais.
Qualidade de vida. Economia. Fatores socioeconômicos.
IntroduçãoA despeito dos percalços enfrentados pela economia brasileira durante a década de oitenta, manifestados na profunda crise que se instaura nos seus anos iniciais, nas marchas e contramarchas que refletem as dificuldades de retomada do crescimento e que resultam na virtual estagnação do Produto Interno Bruto (PIB) per capita nesse período, além do aumento das desigualdades de renda que acompanha a aceleração do processo inflacionário da segunda metade da década, a análise de uma série de indicadores sociais surpreende ao registrar a ocorrência de progressos significativos.O presente trabalho objetiva contribuir para a discussão acerca dos motivos que levaram a essa aparente contradição.
Padrão de Vida: Alguns DeterminantesO padrão de vida de uma população depende de um conjunto de fatores dentre os quais destacam-se a renda familiar computada em termos reais, complementada ou não pela produção caseira de mercadorias e os benefí-cios sociais públicos e privados usufruídos por essa população.A renda familiar, por sua vez, para grande parte das famílias é composta de salários decorrentes da venda da força de trabalho através de relação empregatícia, formalmente estabelecida, e de trabalhos que produzem renda, no que se convencionou denominar "setor informal" da economia, e onde se incluem uma série de atividades ocupacionais que, do ponto de vista da organização do trabalho, não se estruturam segundo os moldes capitalistas de produção. Dentre estes pode-se mencionar o trabalho por conta própria subordinado a uma única empresa, o pequeno vendedor de serviços, a pequena "empresa" familiar que se concentra no comércio e indústria de tamanho reduzido (confeitaria, confecções, e outras), e o emprego doméstico.