Pode parecer um trabalho solitário, entretanto escrever uma tese só é possível na plena troca das relações humanas. Foram muitos os envolvidos na construção coletiva dessa obra, seja na colaboração acadêmica ou no simples acolhimento emocional.Dessa forma, essas pessoas me proporcionaram momentos de intensa produção e também de reestruturação pessoal.Começo agradecendo à Marilene, minha orientadora. Ela é um misto de Nanã Buruquê, orixá dotado de sabedoria e longevidade, com Iansã, senhora dos ventos e trovões. Ouvi-la e aprender com ela ressignificou os meus conceitos sobre ética, política pública, Educação, ser mulher, mãe e profissional. As águas calmas de Nanã alternavam com os relâmpagos de Iansã em uma linda condução de orientação.Agradeço ao meu companheiro de vidas, Flávio, e aos meus três filhos, Bernardo, Lorenzo e Arthur. Todos abdicaram da maior convivência e tempo livre comigo.Obrigada por estarem ao meu lado incondicionalmente.Aos meus pais, Luiz Roberto (em memória) e Margarida. Agradeço desde o aconchego do ventre até os inúmeros "puxões de orelha". Descendentes de reis e rainhas do Congo, meu eterno reconhecimento; dúpe lowo bàba ati ìyá mi 1 . Aos meus irmãos, Júnior e Richard, pelo amparo fraternal desde sempre. E aos meus sogros, Ari e Ana, pela constante presença e auxílio nessa tripla jornada.Aos meus colegas de estudo e a todos os professores do curso. Cada troca, provocação e análises fortaleceram ainda mais este trabalho.Às professoras presentes na banca de qualificação, Maria Berenice Alho da Costa Tourinho e Alayde Maria Pinto Digiovanni, pois as críticas e inspirações traçadas naquele momento aprimoraram minha escrita e pensamentos.Aos entrevistados que me oferecem, tempo, reflexão, diálogo, sentimentos, choro, risadas e mais tempo. Ofereceram tudo isso, sem que eu pudesse oferecer alguma coisa em troca. Contudo, todos nós recebemos e levamos algo com isso, conhecimento. Agradeço a eles, e a Oxalá, por ter encontrado quatro almas tão generosas.1 Tradução nossa do original em iorùbá: Gratidão meu pai e minha mãe. "… De manhã eu estou sempre nervosa. Com medo de não arranjar dinheiro para comprar o que comer. Mas hoje é segunda-feira e tem muito papel na rua. (…) O senhor Manuel apareceu dizendo que quer casar-se comigo. Mas eu não quero porque já estou na maturidade. E depois, um homem não há de gostar de uma mulher que não pode passar sem ler. E que levanta para escrever. E que deita com lápis e papel debaixo do travesseiro. Por isso é que eu prefiro viver só para o meu ideal. Êle deu-me 50 cruzeiros e eu paguei a costureira. Um vestido que fez para a Vera. A Dona Alice veiu queixar-se que o senhor Alexandre estava lhe insultando por causa de 65 cruzeiros. Pensei: ah! O dinheiro! Que faz morte, que faz ódio criar raiz". "… Eu escrevia peças e apresentava aos diretores de circos. Êles respondia-me: -É pena você ser preta. Esquecendo-se êles que eu adoro a minha pele negra, e o meu cabelo rustico. Eu até acho o cabelo de negro mais iducado do que o cabelo de branco. Porque o cabelo de pr...