Plantas alimentícias e paisagens: uso e conservação no Sertão do Ubatumirim, Ubatuba, Brasil

Abstract

O manejo de plantas alimentícias por populações tradicionais é crucial para a conservação da biodiversidade, especialmente em áreas consideradas “hotspots”, onde a biota única possui alto grau de endemismo. Discutimos aqui como, entre os fatores que contribuíram consideravelmente para a configuração da paisagem socioecológica (entre os anos de 1966 e 2011), a existência de áreas protegidas (Núcleo Picinguaba/Parque Estadual da Serra do Mar e do Parque Nacional da Bocaina) e a dinâmica de manejo para atividade agrícola da comunidade caiçara residente (caracterizada pela diversidade e pelo potencial de conservação de espécies de plantas por meio do uso contínuo) tiveram importância considerável. Partimos do pressuposto de que o uso continuado e in situ das plantas alimentícias seriam fatores-chave para a conservação da biodiversidade (alfa) de espécies arbóreas, apontando outros condutores atuantes no sistema socioecológico analisado nesta pesquisa. Os dados foram obtidos por meio da observação participante, questionários e entrevistas. Utilizamos o geoprocessamento a fim de correlacionar critérios êmicos de distinção da paisagem com aspectos fitossociológicos, de cobertura florestal e de diversidade. Todos esses fatores indicaram que esses agricultores deveriam ocupar posições importantes de participação para tomadas de decisões ligadas à conservação da biodiversidade nessas unidades de conservação.

Exploiting fruits of a threatened palm to trigger restoration of Brazil's Atlantic Forest

“…Local farming systems and traditional communities (indigenous, caiçara , and quilombola ) along the southeast coast of Brazil have experienced high social‐economic impacts of the process for national integration, especially after the construction of highway BR‐101, and the establishment of strictly protected areas. On one hand, state and federal strictly protected areas have contributed to slow deforestation and real estate speculation within traditional communities' territory, but on the other hand, traditional agricultural practices, such as shifting cultivation and traditional agroforests, were significantly constrained (Macedo & Ming 2019). Among local farming systems, agroforests and secondary forests play an important role for local livelihoods in terms of food security and income (Souza et al 2016; Macedo & Ming 2019).…”

“…On one hand, state and federal strictly protected areas have contributed to slow deforestation and real estate speculation within traditional communities' territory, but on the other hand, traditional agricultural practices, such as shifting cultivation and traditional agroforests, were significantly constrained (Macedo & Ming 2019). Among local farming systems, agroforests and secondary forests play an important role for local livelihoods in terms of food security and income (Souza et al 2016; Macedo & Ming 2019). Home gardens are sources of fruits and vegetables, in addition to animal protein (chicken and pig), mostly for self‐consumption, but also for the market.…”

Plantas com potencial medicinal em quintais agroflorestais: diversidade entre comunidades rurais do Portal da Amazônia - Mato Grosso, Brasil

“…Outros estudos apontam também o uso da casca (Rego, Rocha, Oliveira & Pacheco, 2016;David & Pasa, 2015;Santos, Araújo, Sousa & Lemos, 2016), do fruto, látex e raiz (Trotta et al, 2012;Santos, Salles, Pinto, Pinto & Rodrigues, 2018), entre outras partes, como o caule, flor, rizoma e sementes (Liporacci & Simão, 2013;Messias et al, 2015;Rego et al, 2016). O uso das espécies é também diretamente influenciado por sua disponibilidade na região (Duarte, 2001;Campos, 2012;Amaral, 2008;Fernandez, 2014;Macedo & Ming, 2019) e conhecimentos das pessoas sobre as espécies e seus possíveis usos. Quanto à origem das espécies cultivadas nos quintais, 38% são exóticas e 62% são nativas, muitas delas precisando de referências farmacológicas e fitoquímicas para corroborar sua eficiência medicinal.…”