Pesquisa arqueológica no sambaqui do bacanga, São Luís, Maranhão: Reflexões sobre a ocorrência de cerâmica em sambaquis do litoral equatorial amazônico

Abstract

ResumoO presente artigo trata da ocupação pré-histórica do litoral equatorial amazônico, a partir dos resultados obtidos na pesquisa arqueológica realizada no sambaqui do Bacanga, em São Luís, Maranhão. Os trabalhos de campo evidenciaram vestígios materiais de populações pescadoras-coletoras-caçadoras e ceramistas estabelecidas na região entre 6.600 e 900 anos AP. A pesquisa buscou explorar na bibliografia pertinente parâmetros que pudessem sustentar afirmações relacionadas à cerâmica antiga em sambaquis do litoral equatorial amazônico, visando fundamentar as interpretações aqui propostas.Palavras-chave: Cerâmica, sambaqui, litoral equatorial amazônico. AbstractThe present article deals with the pre-historic occupation of the equinoctial Amazonian seashore using as a leading axis the results obtained from archaeological research undertaken at the Bacanga shellmound in São Luís, Maranhão. Fieldwork at the mentioned shellmound indicated occupation by fishing, gathering, hunting, and pottery production populations settled in the region from 6.600 to 900 yBP. The investigation sought to place the study in the broad context of the inestigations already carried out in the area, in order to find support for the current case study interpretation.Key words: Ceramics, shell mounds, Amazonian equinoctial seashore ResumenEl presente artículo trata de la ocupación pre-histórica de la costa ecuatorial Amazónica a partir de los resultados obtenidos en la pesquisa arqueológica realizada en el conchal de Bacanga en São Luís, Maranhão, cuyos trabajos de campo muestran vestigios materiales de populaciones pescadoras, recolectoras, cazadoras y ceramistas establecidas en la región cerca de 6.600 hasta 900 años AP. La investigaión buscó parámetros bibliográficos que pudiesen sustentar afirmaciones relacionadas a la cerámica antigua en los conchales de la costa ecuatorial amazónica visando fundamentar las presentes interpretaciones sobre el objeto de estudio. Um dos principais desafios enfrentados nesse trabalho foi a falta de dados arqueológicos prévios que possibilitassem analogias entre os resultados obtidos no Bacanga com outros assentamentos localizados em áreas próximas e com as mesmas características culturais.Nesse caso, o primeiro passo consistiu na construção de uma cronologia que contribuiu para a interpretação dos processos de ocupação do sítio em questão. De posse das datações, um segundo passo relacionou-se à inserção do sambaqui do Bacanga em uma perspectiva regional.De fundamental importância foram os dados disponíveis para os sambaquis do Pará, que, entretanto, suscitaram mais questionamentos e encaminhamentos para novas investigações do que estabeleceram um contexto bem fundamentado para explicar a ocorrência de cerâmi-ca nos sambaquis setentrionais.Este artigo apresenta uma síntese dos resultados alcançados durante a pesquisa realizada no sambaqui do Bacanga, enfocando a inserção do sítio na paisagem, o processo de escavação, a formação do registro arqueológico e a cronologia obtida para a ocupação. Além disso, acom...

Capítulo 8: Pueblos de la Amazonía antes de la Colonización Europea

“…In the lower Amazon, near the current city of Santarém, excavations at the Taperinha fluvial shell mound yielded the earliest ceramics in the Americas, dating back to c. 7,000 BP (Roosevelt 1995;Roosevelt et al 1991). On the Atlantic coast, east of the mouth of the Amazon in the extensive area of mangroves covering the shores of Pará and Maranhão states, there are dozens of coastal shell mounds and other sites containing ceramics of the so-called Mina phase, dated to 5,500 years ago (Simões 1981;Roosevelt 1995;Silveira and Schaan 2010;Bandeira 2009;Lopes et al 2018). In the Middle Guaporé Basin, on the border of Bolivia and Brazil, excavations at the Monte Castelo shell mound produced ceramic vessels dating to ca.…”

O Povoamento Da Costa Atlântica Brasileira, Uma Abordagem Geoarqueológica Para a Transição Entre Holoceno Inicial E Médio

“…± 300 e 5.230 ± 350 (Gaspar), 5.270 ± 70 e 5.170 ± 70 AP (Ilhotinha) e 5.240 ± 70 A.P. (Santa Marta 10) (GASPAR, 1996;ROOSEVELT, 1998;LIMA, 1999LIMA, -2000KNEIP, 2004;DEBLASIS et al, 2007;BROCHIER, 2009;BANDEIRA, 2009;ASSUNÇÃO, 2010;GIANINNI et al, 2010;VILLAGRÁN et al, 2018;GASPAR et al, 2019) (ver figura 2). Contudo, é apenas a partir do retrocesso das águas oceânicas que a ocupação costeira se intensifica, tanto para os sambaquis quanto para os demais sí-Figura 4-Mapa esquemático de localização dos setores da costa atlântica brasileira e dos principais sambaquis e concheiros datados no 4º milênio antes do presente.…”

A história indígena profunda do sambaqui Monte Castelo: um ensaio sobre a longa duração da cerâmica e das paisagens no sudoeste amazônico

“…Amazonas. Entretanto, a atenção voltada para a antiguidade dessa cerâmica retirou o foco da história de longa duração registrada nesses contextos, que só mais recentemente vem sendo abordada a partir da análise da variabilidade regional da cerâmica (Bandeira 2009(Bandeira , 2015) e da variação nos padrões de assentamento (Silveira et al 2011). No sambaqui do Bacanga, no estado do Maranhão, os dados indicam que a tradição Mina pode ser encontrada antes mesmo do início da sua construção, em um período datado entre 6.600 anos AP até 5.800 AP, quando se inicia a antropização da área em que posteriormente se estabeleceu o sambaqui.…”

“…Tal evento é testemunhado por estruturas de combustão compostas por blocos de laterita dispostos de maneira circular e associados a carvão, restos alimentares e cerâmica, estas sem o característico antiplástico de concha triturada, paredes finas e bem queimadas, e compartilhando poucos atributos tecnológicos e morfológicos que ocorrem na tradição Mina (Bandeira 2011). As análises dos vestígios coletados nestas camadas iniciais apontam para um cenário em que a dieta era pouco dependente de recursos aquáticos e onde a presença do material cerâmico é menos densa do que em relação às camadas construídas (Bandeira 2009).…”

“…Por volta de 5.000 AP sambaquis foram construídos e ocupados em distintos locais do litoral do Maranhão, Pará e Guiana (Simões 1981;Williams 1981;Hoopes 1994;Bandeira 2011). Após este momento de inicial, entre 5.000 e 2.500 anos AP, enquanto os sambaquis antigos continuaram também ocupados (Bandeira 2009), novos sítios da tradição Mina foram ocupados na costa e interior, como no caso do já citado sítio Jabuti, distante 36 km do litoral e onde não foi constatada a ocorrência abundante de conchas de moluscos e ossos de peixes no solo, assim como não foi encontrado nenhum tipo de construção com esse material ou em mesmo em terra. É um sítio lito-cerâmico a céu aberto, em que se destaca a ocorrência de TPI concentrada em diferentes pontos do sítio, de 40 cm a mais de 1 m de espessura, onde a maioria das evidências arqueológicas são encontradas.…”