Perfil farmacológico da prescrição de anti-hipertensivos e adequabilidade à diretriz brasileira de hipertensão

Abstract

O monitoramento contínuo da pressão arterial, associado a uma adequada prescrição medicamentosa a pacientes com hipertensão arterial sistêmica, mostram ser um desafio quando se trata de recomendações terapêuticas padronizadas no controle da hipertensão. O presente estudo teve como objetivo descrever o perfil farmacológico da utilização de anti-hipertensivos por pacientes de unidades de saúde e a adequabilidade das prescrições à diretriz brasileira de hipertensão. Trata-se de um estudo transversal, realizado a partir de dados secundários de prontuários de pacientes acompanhados pelo HIPERDIA. Os dados foram comparados com as recomendações de prescrição de anti-hipertensivos contidas na Diretriz Brasileira de Hipertensão Arterial, sendo descritas análises de frequências absoluta e relativa. Foi observado que diuréticos e inibidores da ECA representaram as classes medicamentosas mais prescritas. A prescrição de apenas um anti-hipertensivo foi mais prevalente entre aqueles pacientes com até 5 anos de diagnóstico de hipertensão. Divergências com as recomendações da diretriz foram observadas, principalmente, nas prescrições envolvendo dois ou mais medicamentos, representando um percentual de 16% destas.

Análise das prescrições de anti-hipertensivos em unidade da atenção primária à saúde do Distrito Federal

“…Em razão dos bons perfis de efetividade e segurança, somadas às indicações clínicas para outras doenças cardiovasculares além da HAS, a losartana, que pertence à classe dos Bloqueadores dos Receptores de Angiotensina 2 (BRA), foi o medicamento mais prescrito (Tabela 2). Esse resultado assemelha-se ao encontrado no estudo de Silva et al 22 , no qual a losartana foi um dos medicamentos mais prescritos aos usuários da APS, estando presente em 11,4% dos tratamentos em monoterapia para HAS.…”

“…Ainda em relação aos medicamentos da Tabela 2, pode-se observar que os diuréticos foram a segunda classe mais prescrita, com a indapamida (13,6%) sendo o medicamento mais prescrito, seguido pela hidroclorotiazida (13,3%). Esses resultados também estão de acordo com o estudo realizado por Silva et al, 22 em que foi verificado que os diuréticos tiazídicos são medicamentos prevalentes nas prescrições de anti-hipertensivos na APS, tanto em monoterapia (28,6%) quanto em associação (84%) para o aumento da efetividade do controle pressórico. A predominância de prescrições desses fármacos pode ser decorrente da eficácia terapêutica e do baixo custo.…”

Tratamentos anti-hipertensivos usados na Estratégia de Saúde da Família dos municípios polos das macrorregiões de saúde de Pernambuco: um estudo transversal

“…A amostra aleatória de hipertensos acompanhados pela ESF aqui estudada tem características condizentes aos achados de outros estudos realizados, no Brasil, em usuários com hipertensão, vinculados à ESF (Barreto et al, 2015;Fontbonne et al, 2013;Lefort et al, 2018;Monteiro et al, 2019;Silva et al, 2022). A idade média dos entrevistados foi superior a 50 anos, fato atribuído a uma maior tendência da hipertensão com o aumento da idade, conforme demonstrado por Monteiro et al (2019).…”

“…Outros antihipertensivos que se destacaram foram: IECA, principalmente o enalapril, seguido de anlodipino, que pertence aos BCC. Esses achados se assemelham aos poucos outros estudos realizados com hipertensos e diabéticos na APS, descrevendo os tratamentos anti-hipertensivos (Costa et al, 2017;Queiroz et al, 2018), embora diferissem de um estudo recente conduzido na Paraíba numa amostra de 50 hipertensos com registro HIPERDIA (Silva et al, 2022), onde o uso de BRA se encontrou muito minoritário em relação ao captopril e hidroclorotiazida. Ademais, foram condizentes com as diretrizes nacionais e internacionais, principalmente quanto à prevalência de hidroclorotiazida, losartana e enalapril (Barroso et al, 2021;Cuspidi et al, 2018;Tavares et al, 2016).…”

“…Diversos estudos citam os diuréticos como primeira opção anti-hipertensiva, geralmente no estágio 1 da HAS, que inicia com monoterapia, ao menos para hipertensos sem diabetes, em razão do baixo custo, da larga experiência de uso e por reduzirem eventos cardiovasculares, cerebrovasculares e renais (Barroso et al, 2021;Burnier et al, 2019;Cuspidi et al, 2018;NICE, 2019;Póvoa et al, 2014;Williams et al, 2018). No entanto, estudos recentes apontam para o mesmo achado, ou seja, a preferência pelos BRA e/ou IECA enquanto tratamento inicial, em monoterapia, os DIU sendo acrescentados num segundo momento (Queiroz et al, 2018;Silva et al, 2022).…”