ResumoEste artigo buscou analisar a vida profissional de docentes da educação superior de grandes grupos privados, com unidades em Belo Horizonte, Minas Gerais, diante da crescente "empresarialização" (DEMO, 2007) do ensino no Brasil. O objetivo principal do estudo foi caracterizar a vida profissional desses professores, que vêm atuando em instituições cada vez mais similares a qualquer outro tipo de empresa, com metas e prazo pré-estabelecidos e tarefas padronizadas a serem cumpridas, o que às vezes os privam da autonomia e criatividade em seu trabalho. Para se chegar aos resultados da pesquisa, utilizou-se uma abordagem qualitativa, com o método histórias de vida (ATKINSON, 2002). Seis docentes que trabalham ou trabalharam no ensino superior privado de grandes grupos educacionais foram convidados a falar sobre sua trajetória profissional. O tratamento dos dados se deu pela análise de conteúdo (BARDIN, 1979). Os resultados mostraram que os grandes grupos educacionais têm investido em programas informatizados que vêm não somente substituindo o trabalho presencial do docente por plataformas, como também engessando o trabalho desses professores. Os docentes, segundo seus relatos, sentem-se desamparados e desvalorizados por suas instituições. Os sistemas de gerenciamento institucionais ainda servem como ferramentas remotas de vigilância e "adestramento" (MENDONÇA NETO; ANTUNES; VIEIRA, 2012), utilizados não somente com finalidades pedagógicas, mas também para controlarem o trabalho cotidiano dos professores. Além deles, diversas formas de precarização e intensificação de esforços docentes podem ser derivadas da busca por lucros dessas grandes instituições, agora comumente chamadas de companhias. Palavras-chave: Docente. Instituições de Ensino Superior Privado. Precarização.
Intensificação. Sistemas de Gerenciamento Informatizados
INTRODUÇÃOO mundo do trabalho vem sofrendo diversas modificações nas últimas décadas (DAHL, 2001), com alterações estruturais, tecnológicas, produtivas e organizacionais (GOMES, 2002). O capitalismo, até chegar à forma como é conhecido hoje, passou por uma série de mudanças e adaptações entre os anos 60 e 70, que culminaram em formas de trabalho bem diferentes daquelas praticadas no sistema fordista, que entrou em declínio por razões de ordem econômica em nível global (BOLTANSKY; CHIAPELLO, 2009