A separação entre governantes e governados nos sistemas políticos modernos evoca o recrutamento político e a formação de elites como centrais na discussão sobre a democracia. Tipicamente, estudos sobre recrutamento político permitem rastrear a trajetória dos representantes desde suas origens sociais, passando por processos de diferenciação que as "descolam" de tais origens, até sua entrada nas arenas de poder (Czudnowski, 1975). Já os estudos sobre elites, em termos estritos, visam entender as configurações sociopolíticas desse segmento social, sua distribuição nas arenas de poder, bem como suas atitudes, opiniões e tendências comportamentais (Anastasia et al., 2010). Sem dúvida, as elites políticas eletivas são privilegiadas nessas duas vertentes de estudos. É inegável a importância dessas pesquisas para o entendimento das dinâmicas referentes à composição e aos potenciais da representação democrática (Anastasia et al., 2010).Este é logicamente um campo complexo de pesquisa. Novato ou experiente, um pesquisador brasileiro que resolva investir em estudos na área deve dedicar muito esforço para localizar a dispersa -embora crescente -produção bibliográfica e organizá-la a partir de seus recortes temáticos, perspectivas teóricas, estratégias analíticas, metodologias... Um dos méritos do livro Retratos da classe política no Brasil é, precisamente, oferecer ao leitor um portfólio das pesquisas na área, mobilizando uma literatura ampla e atual para avaliar a origem, a formação e o perfil da elite política brasileira -e dos segmentos sociais que buscam integrá-la.Revista Brasileira de Ciência Política, nº19. Brasília, janeiro -abril de 2016, pp. 317-330.