Pan-africanismo e relações internacionais: uma herança (quase) esquecida

Abstract

ResumoEste artigo traz uma análise de alguns conceitos centrais da herança pan-africanista, visando torná-la mais conhecida no campo de relações internacionais no Brasil. Em particular, a teoria das relações internacionais. Ele é dividido em duas partes. Inicialmente, faz-se uma definição e uma breve contextualização dessa herança. Para tanto, revisita-se suas origens e, mais importante, seu período de consagração pós-Segunda Guerra Mundial, quando ela foi repensada por uma geração consagrada de intelectuais africanos e caribenhos. Na segunda parte do texto, busca-se referendar a tese primordial deste ensaio. Ela defende que, para além da diversidade de contribuições específicas que tais autores/ativistas trouxeram para uma compreensão menos eurocêntrica do mundo e, portanto, das relações internacionais, existe também um núcleo central que pode ser visto como uma característica original do pan-africanismo. Tal núcleo é formado por quatro ideias primordiais, que aparecem ali de forma inter-relacionada: a) personalidade; b) solidariedade; c) libertação; d) integração. A partir dessa análise, defende-se que, embora o pan-africanismo tenha suas especificidades teóricas, sua própria história e contextualização, ele também possui uma contribuição universal que precisa ser melhor estudada, pois é parte integrante e atual das lutas dos povos do Sul Global por sua autoafirmação.

Black Women Activists and Pan-Africanism in the Black Atlantic Diaspora: Profiles and Dialogues,

“…I searched for documents in virtual collections of international organizations such as the United Nations, from which I collected reports and publications on race, gender, and Pan-Africanism. As for the bibliographic research, I rely specifically on Gilroy's (2001) discussions about the diaspora, Barbosa's (2016) definition of pan-Africanist pillars (principles), and the lives and work of Claudia Jones (2011;1949), Lélia Gonzalez (2020;2018), and May Ayim (1997, 1992 ). I also mention the work of scholars who have studied these three authors: Davies (2014;, Ratts andRios (2010), andMacCarroll (2005).…”

“…There is no consensus among scholars on these principles -not all studies on Pan-Africanism mention these principles, with this classification. In fact, I draw on the studies of Barbosa (2016) to establish this classification. Barbosa identifies four pillars of Pan-Africanism: 01.…”

“…It is important to emphasize that there is some degree of plurality in pan-African thought -we could even say that there are theories of Pan-Africanism, in the plural. According to Barbosa (2016), these theories are part of the 'pan-Africanist school' of IR. My intention is not to develop or return to studies dedicated to a pan-Africanist theory or school in IR but to establish a connection between Pan-Africanism and what twentieth-century black women activists produced that relates to international relations.…”

“…They developed their activisms while aware that both action (politics) and intellect (theory) are necessary to combat the oppression and exploitation that materialize internationally. The experiences of these women translated into a legacy of liberation, integration, solidarity, and personality, in other words, into what is known as pan-Africanist principles (BARBOSA, 2016). Their stories show the importance of grasping the life and work of diaspora black women as key elements for reflecting on international systems and critically understanding the world.…”