RESUMO:A compreensão dos contornos e tendências das políticas sociais na cena contemporânea exige, em primeiro lugar, o resgate e o aprofundamento do debate sobre o próprio conceito de política social. Considerando a natureza interdisciplinar dos estudos sobre o tema, que se traduzem em compreensões nem sempre consensuais -ainda que no mesmo campo teóri-co -, este artigo se propõe a discutir e contrapor algumas importantes abordagens no âmbito de produções de orientação marxista. Dessa maneira, utiliza-se a pesquisa bibliográfica como recurso metodológico para a construção de um texto com caráter revisional sobre os elementos históricos e os fundamentos teóricos desse fenômeno que ganhou corpo institucionalizado a partir do final do século XIX em alguns países centrais e início do século XX no restante do ocidente, inclusive no Brasil. Palavras-chave: Políticas sociais, direitos sociais, Estado Social.The Social State and the historical and conceptual foundations of Social Policy: origin and institutionalization ABSTRACT: Understanding the trends and contours of social policies on the contemporary scene requires, first of all, the rescue and deepening of the debate about the very concept of social policy. Considering the interdisciplinary nature of the studies on the subject, which translate into not always consensual understandings -albeit in the same theoretical field -this article proposes to discuss and counter some important approaches in the field of Marxist oriented productions. In this way, bibliographical research is used as a methodological resource for the construction of a text with a revisional character about the historical elements and the theoretical foundations of this phenomenon that gained institutionalized body from the end of the 19th century in some central countries and beginning Of the 20th century in the West, including Brazil. Keywords: Social policies, social rights, Social State.
INTRODUÇÃOEm geral, a política social é tratada pelos autores que integram a tradição marxista (FALEIROS, 2004; NETTO, 1996;BEHRING, 2008) como um fenômeno típico da sociedade capitalista, principalmente após o reconhecimento pela burguesia e pelo Estado das desigualdades estruturais que envolvem a distribuição da riqueza produzida socialmente pelo trabalho. No entanto, essa não é uma compreensão unânime, nem mesmo entre os autores que compõem essa mesma tradição intelectual.De acordo com Pereira (2011), no termo política social está implícita uma grande imprecisão conceitual, o que acaba por produzir sentidos vagos, associando-o com ações voluntaristas e clientelísticas e até mesmo com práticas experimentais criminosas realizadas com enfermos, judeus e grupos étnicos durante o período nazista na