É difícil conciliar esse retrato com a ideia de havermos guindado essas mesmas cidades portuguesas do Brasil -Ouro Preto, São João del Rei, Mariana, Diamantina, Serro, Tiradentes, Parati, Goiás Velho, Salvador, Alcântara, etc. -em parte ou no todo, à categoria de monumentos nacionais […]. Tais cidades são muito mais significativas do que a maioria das regulares e retilíneas que construímos depois da independência […]. É que, naquela aparente desordem que leva a admitir, como o fez o eminente historiador patrício, a inexistência de um traçado prévio ou de uma ideia diretriz, existem uma coerência orgânica, uma correlação formal e uma unidade de espírito que lhe dão genuidade. Genuidade como expressão espontânea e sincera de todo um sistema de vida, e que tanta falta faz à cidade regular, traçada em rígido tabuleiro de xadrez. Esta, dado o "processus" mesmo de sua criação, há de ser, necessariamente, produto de uma ideia preconcebida com que o projetista pretende, não raro artificiosamente, ordenar, disciplinar, modelar a vida que nela vai ter lugar 9 .De fato, a visão positiva da cidade mineira que emerge desse e de outros textos do período não advinha somente do avanço dos estudos sobre a urbanização colonial e a "urbanística portuguesa" -iniciados em Portugal por Luís